O Ministério Público (MP) taiwanês acusou hoje de corrupção o antigo candidato presidencial e fundador do Partido Popular de Taiwan (TPP) Ko Wen-je, alegando que aceitou subornos quando presidiu à câmara de Taipé.
Ko foi acusado de ter aceitado subornos relacionados com um projeto imobiliário durante o mandato como presidente da câmara da capital da ilha, de acordo com a declaração do MP.
Foi também acusado de desvio de donativos políticos.
Ko enfrenta uma pena de 28 anos e seis meses de prisão se for condenado por todas as acusações, segundo a agência norte-americana AP.
No centro do processo está um empreendimento do grupo Core Pacific City, em Taipé, com o MP a acusar Ko de ter permitido que a empresa fugisse aos regulamentos de construção da cidade em troca de subornos.
"O arguido, Ko, violou o voto de presidente da câmara de não aceitar subornos e de respeitar as nossas leis nacionais", afirmou o procurador principal, Kao Yi-shu.
"Em vez disso, Ko tencionava ajudar o grupo a obter milhares de milhões de dólares em benefícios ilegais, ao mesmo tempo que recolhia milhões em subornos", acrescentou.
Embora o ex-autarca não tenha podido ser contactado hoje, negou anteriormente as acusações de suborno e corrupção.
O TPP afirmou que as acusações eram um caso de perseguição política.
"Com este tipo de abuso de poder, o Governo está a ser reduzido a um bandido político", disse Lin Fu-nan, membro do comité central do partido.
"Apelamos à mão negra da política para que não atinja o poder judicial," acrescentou.
Ko, um ex-médico, entrou na cena política para vencer a corrida para presidente da câmara de Taipé em 2014, tendo cumprido dois mandatos, até 2022.
Em 2019, fundou o TPP como uma alternativa ao sistema bipartidário, prometendo uma rutura com a política habitual na ilha.
Este ano, candidatou-se a Presidente da República e, apesar de ter ficado em terceiro lugar, chamou a atenção pelo apelo aos jovens eleitores.
A política de Taiwan é maioritariamente dominada por dois partidos políticos principais, o Partido Nacionalista (Kuomingtang, KMT) e o Partido Democrático Progressista.
O partido de Ko, embora pequeno, é aliado do KMT no parlamento de Taiwan.
O TPP ajudou o KMT a aprovar três leis na semana passada, que, segundo os críticos, paralisaram o Tribunal Constitucional e enfraquecerão a capacidade do Presidente de Taiwan, Lai Ching-te, de concretizar o respetivo programa político.
Taiwan é a ilha onde as forças do KMT se refugiaram em 1949, quando o Partido Comunista Chinês, de Mao Zedong, venceu a guerra civil e proclamou a República Popular da China.
Desde então, Taiwan vive de forma autónoma, embora Pequim considere a ilha uma província rebelde da China e ameace invadi-la se Taipé declarar a independência.
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