O Ministério da Informação sublinhou, em comunicado, que o objetivo desta medida passa por "reforçar a unidade nacional e preservar o tecido sírio com todas as suas componentes", e advertiu que, em caso de incumprimento, os órgãos de comunicação social ou os indivíduos que violem esta decisão serão alvo de processos judiciais.
"É estritamente proibido circular ou publicar qualquer meio de comunicação social ou conteúdo informativo de natureza sectária que vise propagar a divisão e a discriminação entre as componentes do povo sírio", refere o comunicado.
"Sublinhamos a necessidade de todos os órgãos de comunicação social e ativistas se empenharem no trabalho de divulgação dos valores da fraternidade e da coexistência, sublinhando que qualquer violação das disposições desta decisão exporá os responsáveis a processos judiciais", adiantou o Ministério da Informação na mesma nota.
Milhares de sírios da minoria alauita manifestaram-se na quarta-feira em várias cidades da Síria, incluindo Homs (centro) e Hama, e as províncias mediterrânicas de Tartus e Latakia, depois da divulgação de um vídeo que mostrava um incêndio num dos seus santuários.
Perante estas manifestações, as autoridades sírias declararam o recolher obrigatório em Homs e Jableh, entre o final da tarde de quarta-feira e o início da manhã de hoje, para tentar conter os efeitos dos protestos.
As autoridades sírias garantiram que o vídeo de um ataque a um santuário alauita era antigo e datava da "libertação de Alepo" por fações islâmicas armadas no início de dezembro.
"O objetivo de voltar a fazer circular estas imagens é o de semear a discórdia entre o povo sírio (...) num momento delicado que a Síria atravessa", afirmou o Ministério do Interior, em comunicado, acusando "grupos desconhecidos" de estarem por trás do ataque ao santuário alauita.
Depois de Bashar al-Assad ter fugido para Moscovo, na sequência da ofensiva rebelde a 08 de dezembro, os membros da minoria alauita saudaram a sua queda, mas disseram temer a marginalização, ou pior, represálias.
As novas autoridades sírias estão a aumentar as medidas de segurança para com todas as minorias num país traumatizado pela guerra.
O governo de transição, controlado pelo grupo islamita sunita Organização para a Libertação do Levante (HTS), que liderou a coligação que derrubou o Presidente Bashar al-Assad há três semanas, advertiu com veemência que atacará "com mão de ferro" todos aqueles que tentarem "perturbar a estabilidade ou espalhar o caos" na Síria.
A comunidade internacional já afirmou que algumas das condições necessárias para apoiar as novas autoridades em Damasco incluem o respeito pelas minorias, etnias e religiões e a formação de um governo abrangente para a nova Síria, um país composto por sunitas, xiitas, cristãos, curdos, assírios e outros.
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