Um bebé morreu de hipotermia, enquanto o irmão gémeo enfrenta sépsis numa incubadora, em Gaza, no domingo.
“Ele foi morto por negligência!”, gritava o pai, Yahia al-Batran, ao mesmo tempo que segurava o corpo do seu filho Juma'a, de 20 dias.
Quatro outros recém-nascidos morreram de hipotermia nos campos de refugiados em Gaza nas últimas semanas, de acordo com a Sky News. A Reuters, por seu turno, apontou que Juma'a é o sexto bebé a morrer por exposição aos elementos.
“Fugi dos israelitas com a minha família para um abrigo numa escola. Bombardearam-no e apanhámos um autocarro para um campo de futebol para vivermos numa tenda. Os meus dois sobrinhos e três sogros foram mortos. No mesmo mês, Deus deu-me gémeos. Dei o nome de Juma'a em homenagem ao meu irmão e o nome do seu irmão gémeo, Ali, em homenagem ao meu sobrinho”, contou Yahia àquele meio.
No mesmo dia em que Juma'a morreu de hipotermia, Ali deu entrada no hospital para ser tratado a uma septicemia. Agora, a sua vida depende dos geradores que fazem funcionar os hospitais de Gaza.
É que, recorde-se, Israel cortou o fornecimento de eletricidade a Gaza e está a invadir unidades hospitalares, alegadamente para eliminar os membros do Hamas que se escondem nas instalações de saúde. Contudo, Israel proibiu os jornalistas internacionais estão proibidos de entrar em Gaza e de verificar de forma independente estas afirmações.
“Vejam estes bebés. Vejam onde eles dormem - na rua. Pomos cobertores e cobrimo-nos. Somos oito pessoas e só temos quatro cobertores”, lamentou Yahia.
“Como sou adulta, posso aguentar isto e suportá-lo, mas o que é que um bebé fez para merecer isto? Ele não aguentou, não aguentou o frio ou a fome e esta falta de esperança", complementou a mãe de Juma'a, Noura al-Batran, enquanto abraçava a manta colorida do filho, citada pela Reuters.
Cerca de 90% dos dois milhões de habitantes de Gaza foram deslocados desde o escalar da guerra entre Israel e o Hamas, dos quais cerca de metade são crianças, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Na passada quarta-feira, o organismo denunciou que "morre uma criança por hora" na Faixa de Gaza, noticiou a EFE.
Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), citados por aquela agência de notícias espanhola, pelo menos 14.500 crianças foram mortas na Faixa de Gaza desde que Israel lançou a sua guerra contra o Hamas, há 446 dias. Ou seja, há em média 1,3 crianças palestinianas mortas a cada hora.
Saliente-se que o número total de mortos já ultrapassou as 45 mil pessoas, 70% dos quais são mulheres e crianças, de acordo com a contagem do Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.
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