Padre católico condenado a 11 anos por críticas ao regime na Bielorrússia

Um padre católico foi hoje condenado a 11 anos de prisão na Bielorrússia por alta traição, após criticar o Governo, no primeiro caso de acusações de motivação política contra o clero, desde que a Bielorrússia se tornou independente.

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Lusa
30/12/2024 23:39 ‧ há 2 dias por Lusa

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Bielorrússia

A condenação e sentença do reverendo Henrykh Akalatovich surge numa altura em que as autoridades bielorrussas intensificam a sua ampla repressão dos dissidentes antes das eleições presidenciais de 26 de janeiro, onde é esperado que o Presidente Alexander Lukashenko alcance um sétimo mandato.

 

O grupo de direitos humanos da Bielorrússia Viasna adiantou que Akalatovich, de 64 anos, rejeitou as acusações de traição. O grupo listou-o entre os 1.265 presos políticos do país.

"Pela primeira vez desde a queda do regime comunista [após o colapso da União Soviética em 1991], um padre católico na Bielorrússia foi condenado por acusações criminais contra prisioneiros políticos", frisou o representante da Viasna, Pavel Sapelka.

"A dura sentença pretende intimidar e silenciar centenas de outros padres antes das eleições presidenciais de janeiro", alertou.

Akalatovich, que está sob custódia desde novembro de 2023, foi diagnosticado com cancro e foi submetido a uma cirurgia pouco antes de ser detido.

O padre da cidade de Valozhyn, no oeste da Bielorrússia, que criticou o governo nos seus sermões, foi mantido incomunicável, com os funcionários da prisão a recusarem que lhe fossem enviados agasalhos e alimentos.

Arkatovich está entre dezenas de clérigos - católicos, ortodoxos e protestantes - que foram presos, silenciados ou forçados ao exílio por protestarem contra as eleições de 2020 que deram ao autoritário Lukashenko um sexto mandato.

As eleições de 2020 foram contestadas pela oposição e o Ocidente, referindo que foram marcadas por fraude que desencadeou protestos em massa. As autoridades responderam com uma repressão abrangente que resultou na detenção de mais de 65 mil pessoas e milhares de espancamentos pela polícia.

O clero católico e protestante que apoiou os protestos e abrigou os manifestantes nas suas igrejas foi particularmente alvo de repressões.

As autoridades bielorrussas procuram alinhar abertamente o clero, convocando-o repetidamente para conversações políticas "preventivas", verificando as suas páginas na Internet e as redes sociais e fazendo com que os serviços de segurança monitorizem os sermões.

Os cristãos ortodoxos representem cerca de 80% da população, pouco menos de 14% são católicos e 2% são protestantes.

Lukashenko, que governa a Bielorrússia há quase 30 anos e se descreve como um "ateu ortodoxo", atacou o clero dissidente durante os protestos de 2020, instando-os a "fazer o seu trabalho" e a não alimentar a agitação.

O chefe de Estado bielorrusso é um dos aliados mais próximos do presidente russo Vladimir Putin, permitindo à Rússia utilizar o território do seu país para enviar tropas para a Ucrânia em fevereiro de 2022 e para implantar algumas das suas armas nucleares táticas na Bielorrússia.

Leia Também: Lukashenko perdoa 20 dissidentes, mas ativistas alertam para repressão

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