Frio em Gaza já matou 6 bebés, entre os quais gémeos. "Vida é um inferno"

Sila morreu com vinte dias, depois de a mãe ter reparado que esta "não se mexia". Em tendas degradas, deslocados palestinianos tentam fugir aos bombardeamentos e acabam por morrer devido às condições meteorológicas. Seis bebés morreram em Gaza numa semana.

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© Robert Gauthier/Los Angeles Times via Getty Images

Notícias ao Minuto
31/12/2024 17:01 ‧ há 3 dias por Notícias ao Minuto

Mundo

Médio Oriente

As baixas temperaturas e falta de condições para os deslocados mataram na última semana seis bebés em Gaza.

 

Segundo o último balanço, citado pela publicação Al Jazeera, os bebés morreram de hipotermia, e duas das vítimas eram irmãos, com apenas um mês de vida.

Os bebés morreram com cerca de 24 horas de diferença, mas pelo mesmo motivo. O primeiro morreu no hospital e o segundo na tenda da família. Segundo o que o pai contou, a cabeça do menino estava "fria como o gelo".

As mortes surgem ao mesmo tempo que Israel continua a atacar Gaza, assim como hospitais.

O gabinete dos Meios de Comunicação Social do governo de Gaza explicou na segunda-feira que o "frio intenso e a geada" que atingiram as "tendas degradadas" nos campos da Faixa de Gaza mataram sete pessoas, incluindo um adulto que trabalha na área da saúde.

A mesma fonte adiantou que estão a morrer dezenas de pessoas por dia.

"Não podem imaginar a situação atual. Estamos todos a congelar e a tremer devido ao frio que se faz sentir. Especialmente aqueles que estão em al-Mawasi, muito perto da praia, estão a sofrer com o frio", explicou um jornalista da Al Jazeera, dando conta de que os palestinianos que foram deslocados devido aos ataques de Israel ainda têm as mesmas tendas que receberam há 14 meses.

"Não há lonas para tendas. Também é muito caro comprar nylon ou qualquer equipamento ou ferramentas para cobrir a tenda e até mesmo roupas de inverno [e] cobertores", detalhou.

"A nossa vida é um inferno"

À BBC, também a família de outro bebé que morreu contou a sua história. Sila viveu durante vinte dias, e viveu em al-Mawasi, num campo sobrelotado de deslocados que fogem à guerra.

"Acordei de manhã e disse ao meu marido que a bebé não se mexia há algum tempo. Ele destapou-a e encontrou-a [já morta] a morder a língua, com sangue a escorrer", recordou a mãe, Nariman al-Najmeh. 

Esta família já mudou de local em pouco mais de um ano, e tem mais dois filhos. "Quando estava grávida ficava preocupada em como iria arranjar roupas para a bebé, já que o meu marido também não trabalha", afirmou ainda a mulher.

Já o pai desta bebé, contou que à noite se "agarram todos" devido ao frio. "A nossa vida é um inferno. É um inferno por causa dos efeitos da guerra. A minha família foi martirizada e a nossa situação é insuportável".

A guerra foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas em Israel, em 07 de outubro de 2023, que levou à morte de mais de 1.200 pessoas do lado israelita, a maioria civis, segundo um balanço da agência France-Presse (AFP), baseado em números oficiais.

Mais de 45.500 palestinianos foram mortos na campanha militar israelita de retaliação na Faixa de Gaza, sobretudo civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza do governo do Hamas, considerados fiáveis pela ONU.

Leia Também: Médio Oriente? "Todas as guerras têm regras e todas foram violadas"

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