Nicarágua anuncia retirada do país de mais duas agências da ONU

A Nicarágua anunciou hoje que se vai retirar de duas agências das Nações Unidas (ONU), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM), afastando-se ainda mais dos organismos internacionais.

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Lusa
28/02/2025 22:50 ‧ há 4 horas por Lusa

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Nicarágua

Este anúncio surge depois do governo ter comunicado na quinta-feira que se vai retirar do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, num claro afastamento das organizações e da comunidade internacional.

 

"Notificámos a OIT e a OIM da nossa decisão soberana e irrevogável de nos retirarmos" destes organismos "que não estão a cumprir a missão para a qual foram criados", anunciou a copresidente da Nicarágua, Rosario Murillo, que governa com o marido e Presidente Daniel Ortega.

"Reiteramos a nossa posição irrevogável e firme de rejeição de todos os insultos, ofensas, mentiras, agressões, os dois pesos e duas medidas da política colonialista que rege a atuação" destas organizações, disse Rosario Murillo.

A copresidente da Nicarágua afirmou que a OIT tinha atuado de "forma politizada, prestando-se à desestabilização e à ingerência" na avaliação das queixas de empregadores e trabalhadores sobre violações dos direitos laborais.

Por sua vez, a OIM, de acordo com o governo, publicou "informações falsas, maliciosas e irresponsáveis" no seu relatório 2024 sobre migração, apontando a Nicarágua como a fonte de milhares de migrantes que pedem asilo.

Em novembro, o parlamento nicaraguense aprovou mais uma reforma constitucional, que entrou em vigor a 18 de fevereiro e que aumenta ainda mais o controlo do casal presidencial sobre o país.

Um relatório de peritos mandatados pela ONU, publicado na quarta-feira, alertou para o facto de esta reforma minar o Estado de direito e eliminar "o pouco que resta dos controlos e equilíbrios institucionais, ao criar um executivo de copresidentes". Esta medida reduziu efetivamente os poderes judiciais, legislativos e eleitorais do Estado a meros "órgãos" a "coordenar" pela presidência.

"Estamos a assistir a uma repressão metódica de todos os que se atrevem a discordar", afirmou Ariela Peralta, membro do grupo de peritos, referindo-se a um "governo em guerra com o seu próprio povo".

O Presidente Ortega, um antigo guerrilheiro de 79 anos que liderou o país na década de 1980 após o triunfo da revolução sandinista, regressou ao poder em 2007.

É acusado pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por vários países latino-americanos de ter estabelecido uma autocracia com a sua mulher Murillo, de 73 anos, que foi elevada à categoria de "copresidente".

Ambos reforçaram o controlo sobre a sociedade nicaraguense após os protestos de abril de 2018, que consideraram uma tentativa de golpe patrocinada por Washington e cuja repressão - que matou mais de 300 pessoas - envolveu, segundo o painel, o exército, a polícia e os paramilitares.

"O chamado grupo de peritos, o Alto Comissariado e o Conselho dos Direitos Humanos tornaram-se uma caixa de ressonância para aqueles que minaram a paz e a tranquilidade", disse Murillo, referindo-se às manifestações e ao subsequente exílio de milhares de pessoas.

Leia Também: Nicarágua anuncia retirada do Conselho dos Direitos Humanos da ONU

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