Um número "sem precedentes", denunciam a organização britânica Reprieve e a Organização Saudita Europeia para os Direitos Humanos (ESOHR), que reportam "pelo menos 345" execuções no ano passado.
"Este frenesim de execuções revela a realidade da Arábia Saudita de Mohammed bin Salman", o príncipe herdeiro e líder 'de facto' da poderosa monarquia do Golfo, considerou o diretor da Reprieve para o Médio Oriente, Jeed Basyouni.
"Os parceiros internacionais e económicos do reino não podem fingir que não sabem, também eles estão contaminados pelo sangue das vítimas", acrescentou.
Segundo a Amnistia Internacional, que contabiliza as execuções neste país desde 1990, depois de ter passado a ser aplicada uma versão mais rigorosa da lei islâmica, os números mais elevados até então foram de 196 execuções em 2022 e 192 em 1995.
O reino é o país onde mais prisioneiros foram executados no mundo em 2023, depois da China e do Irão, segundo a ONG, cujo número contabilizado de mortes pelo Estado chega a 170 pessoas.
Entre os executados em 2024, 117 foram condenados por delitos relacionados com drogas, incluindo alguns por simples posse de haxixe, refere a AFP.
O Ministério do Interior anunciou na quarta-feira a execução de seis iranianos no leste do reino por "contrabando de haxixe", sem especificar a data.
"O regime está a utilizar a pena de morte como arma, aplicada de forma mais ampla e para crimes menos graves do que nunca", alertou a diretora jurídica da ESOHR, Taha al-Hajji.
"Qualquer desacordo público com o príncipe herdeiro é agora punível com a morte e qualquer pessoa que fume canábis arrisca a vida", avançou.
A aplicação da pena de morte por Riade é criticada pelos defensores dos direitos humanos, que a consideram excessiva e desfasada dos esforços do reino para apresentar uma imagem moderna e reformista.
A Arábia Saudita realizou mais de mil execuções desde que o Rei Salman chegou ao poder em 2015, de acordo com um relatório publicado no início de 2023 pela Reprieve e pela ESOHR.
Riade, empenhada numa ambiciosa política de reformas liderada pelo seu príncipe herdeiro, procura atrair turistas e competições desportivas e irá acolher o Campeonato do Mundo de 2034.
"Quantas execuções serão consideradas demais antes do Mundial de 2034?", questionou Basyouni. "Ao ritmo atual, serão mais de 3.000 mortes", concluiu.
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