O ataque ocorreu na terça-feira durante uma incursão das FDA na aldeia de Bilendu, localizada no território de Lubero, na província de Kivu do Norte.
"O ataque ocorreu anteontem à tarde por estes rebeldes ugandeses, que atacaram várias aldeias. Mataram doze civis aqui em Bilendu, queimaram casas e levaram bens. Queimaram motas", disse à agência EFE, por telefone, Tafuteni Muhindo, presidente da sociedade civil de Lubero.
"Ainda há psicose aqui e as autoridades locais estão a tentar organizar buscas para encontrar outros corpos e organizar os enterros (...). O ataque foi realmente mortal. É ainda um balanço provisório que estamos a apresentar depois de terem sido encontrados os primeiros corpos. Está tudo a arder aqui, não há mais nada", acrescentou Muhindo.
As autoridades locais também confirmaram o ataque, mas recusaram-se a fornecer números de vítimas.
"Para além de Bilendu, várias outras localidades foram atacadas, incluindo Kambare e Mangoya. Isto faz com que seja imprudente fazer um balanço preciso nesta altura, porque infelizmente houve enormes danos materiais e humanos entre a população civil", disse o delegado oficial do Estado na zona, Julio Monga Mabanga.
"Ainda estamos a procurar (vítimas) com a ajuda de voluntários de resgate (...). Por isso, temos de seguir os caminhos que eles [FDA] tomaram para descobrir cadáveres ou mesmo feridos. Mas a situação é grave e levou diretamente à deslocação das populações", explicou Mabanga.
As FDA são uma milícia de origem ugandesa, mas estão atualmente sediadas nas províncias congolesas vizinhas de Kivu do Norte e Ituri, onde realizam frequentemente ataques e aterrorizam a população.
Os seus objetivos não são claros, para além de uma possível ligação ao EI, que por vezes reivindica a responsabilidade pelas suas ações.
As autoridades ugandesas também acusam o grupo de organizar ataques no seu território e, em novembro de 2021, os exércitos do Uganda e da RDCongo iniciaram uma operação militar conjunta em curso para combater estes rebeldes.
Embora os peritos do Conselho de Segurança das Nações Unidas não tenham encontrado provas de apoio direto do EI às FDA, os Estados Unidos identificaram-nas como uma "organização terrorista" afiliada ao grupo extremista, desde março de 2021.
Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por mais de uma centena de grupos rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão da ONU no país (Monusco).
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