O relatório da Organização Europeia-Saudita para os Direitos Humanos (ESOHR) revela que o reino árabe encerrou 2024 "com números históricos de execuções": Pelo menos 345 pessoas morreram desta forma, o que representa um aumento de mais de 100 por cento em relação ao ano anterior.
Em média, a cada 25 horas uma pessoa foi executada, o que representa "uma escalada significativa no uso da pena de morte como a principal ferramenta da Arábia Saudita para punir, enviar mensagens e incutir o medo", lê-se no relatório citado pela agência de notícias espanhola EFE.
"Estas execuções foram levadas a cabo no meio de uma ausência total de garantias de justiça e de violações contínuas dos procedimentos judiciais", afirma o ESOHR, que denunciou as 'falsas promessas' feitas pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman sobre os direitos humanos.
O ESOHR refere ainda que, só no ano passado, foram executados 22% do total de 1.585 pessoas executadas desde que o rei Salman bin Abdulaziz chegou ao poder, em 2015.
A organização esclarece que este aumento de casos também inclui execuções de pessoas acusadas por crimes relacionados com drogas, uma "expansão das acusações que justificam a pena de morte, um aumento preocupante das execuções de mulheres e uma elevada proporção de estrangeiros".
No ano passado, pelo menos nove mulheres foram executadas, o que representa um número recorde na história do país e um aumento de 50% em relação ao ano anterior.
Além disso, foram executados 207 sauditas, em comparação com 138 nacionais, principalmente de países árabes, africanos e do sudeste asiático.
O ESOHR condena o facto de estas execuções terem ocorrido "enquanto a Arábia Saudita celebrava a candidatura a grandes eventos mundiais e recebia celebridades de todo o mundo", alertando que as autoridades "continuam a ameaçar executar dezenas de pessoas" em 2025, incluindo menores.
"Enquanto a Arábia Saudita utiliza os grandes eventos desportivos, como a organização do Campeonato do Mundo e dos Jogos Olímpicos de inverno, para reforçar a sua imagem internacional de nação progressista e aberta, a FIFA aceitou a candidatura da Arábia Saudita apesar de a sua proposta não respeitar as normas exigidas em matéria de direitos humanos", denuncia a ONG.
Os direitos dos trabalhadores migrantes continuam a ser uma das preocupações mais prementes face aos "abusos contínuos e ao receio de violações durante a preparação das infra-estruturas necessárias" para acolher o Campeonato do Mundo de 2034.
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