Argélia "desonra-se a si própria" ao manter preso escritor Boualem Sansal

O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou hoje que a Argélia está a "desonrar-se a si própria" ao não libertar o escritor franco-argelino Boualem Sansal, detido em meados de novembro em Argel.

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Lusa
06/01/2025 14:26 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Emmanuel Macron

"A Argélia, que tanto amamos e com a qual partilhamos tantas crianças e tantas histórias, está a ser desonrada ao impedir um homem gravemente doente de receber tratamento. Não é digno do que ela é", disse Macron, durante a reunião anual com embaixadores franceses no Palácio do Eliseu para definir as principais linhas da política externa de Paris.

 

"E nós, que amamos o povo argelino e a sua história, apelamos ao seu Governo para que liberte Boualem Sansal", acrescentou, insistindo que o "combatente da liberdade" está "detido de forma totalmente arbitrária pelas autoridades argelinas".

Crítico das autoridades argelinas, Boualem Sansal, 75 anos, está preso desde meados de novembro, acusado de pôr em perigo a segurança do Estado. O escritor franco-argelino encontra-se numa unidade de tratamento desde meados de dezembro.

O Presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, mencionou pela primeira vez a sua detenção a 29 de dezembro, descrevendo-o como um "impostor" enviado pela França.

O autor de "2084: O Fim do Mundo", que se naturalizou francês em 2024, está a ser processado ao abrigo do artigo 87.º do Código Penal argelino, que pune "como ato terrorista ou subversivo qualquer ato que vise a segurança do Estado, a integridade territorial, a estabilidade e o normal funcionamento das instituições".

Segundo o diário francês Le Monde, as autoridades de Argel viram com maus olhos as declarações de Sansal ao meio de comunicação social francês Frontières, conotado com a extrema-direita, que defendia a posição de Marrocos de que o território do país tinha sido truncado durante a colonização francesa a favor da Argélia.

A detenção do escritor vem juntar-se à nova crise entre Paris e Argel, que começou em julho com a decisão de Emmanuel Macron de "reconhecer o Saara Ocidental como parte da soberania marroquina".

A antiga colónia espanhola do Saara Ocidental, considerada como um "território não autónomo" pela ONU, está há meio século no meio de um conflito entre Marrocos e o movimento de libertação sarauí, representado pela Frente Polisário, apoiada por Argel.

Leia Também: França "teve razões" para intervir em África e líderes deviam agradecer

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