O pequeno território, que tem oficialmente menos de meio milhão de habitantes, está fora do controlo das autoridades moldovas desde uma guerra em 1992, após o desmoronamento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Até agora, a gigante russa Gazprom abastecia a Transnístria através do fornecedor local Tiraspoltransgaz, sem que esta empresa pagasse por esse abastecimento. A entidade secessionista enviava os pedidos de pagamento para Chisinau, fazendo gradualmente aumentar a dívida da Moldova à Gazprom.
O conflito em torno da dívida à Gazprom - avaliada por Moscovo em mais de 700 milhões de dólares (680 milhões de euros), mas estimada por Chisinau em cerca de nove milhões de dólares (8,7 milhões de euros) - levou a Rússia a fechar a torneira a partir de 01 de janeiro deste ano, em pleno inverno.
Desde então, as autoridades da Transnístria tiveram de impor cortes de energia elétrica e suspender o funcionamento de muitas indústrias.
Numa reunião hoje realizada, o responsável local encarregado das questões económicas, Serguëi Obolonik, afirmou que o pequeno território se encontra mergulhado numa "crise energética, mas também humanitária".
Segundo Obolonik, 13 milhões de metros cúbicos de gás foram reservados antes do corte e eram ainda suficientes para abastecer algumas infraestruturas e os fogões a gás das cozinhas dos imóveis de habitação. Mas essa reserva só durará 24 dias, acrescentou.
A crise fez-se acompanhar de uma subida a pique do consumo de eletricidade, uma vez que, para compensar o corte do gás, os habitantes estão a utilizar aquecedores elétricos individuais, explicou Obolonik.
A Transnístria tem uma única central térmica, com capacidade limitada, a de Cuciurgan. Para impedir o sobreaquecimento da central, as autoridades impuseram na semana passada dois cortes de eletricidade diários, de quatro horas cada um.
As autoridades separatistas propuseram hoje que algumas fábricas que foram encerradas possam voltar a funcionar durante a noite, quando o consumo de eletricidade é mais baixo, e disseram estar a trabalhar nesse sentido.
Por enquanto, o resto da Moldova está a ser poupado aos cortes, em especial graças à ajuda da vizinha Roménia e depois de ter tomado medidas drásticas para reduzir o consumo energético.
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