Ataques russos contra embaixadas na Ucrânia foram "atos de barbárie"

Os ataques russos que em dezembro atingiram várias embaixadas em Kyiv, entre as quais a portuguesa, assim como a Catedral de São Nicolau, foram "atos de barbárie selvagem", considerou hoje a embaixadora ucraniana junto da ONU em Genebra, Suíça.

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© FABRICE COFFRINI/AFP via Getty Images

Lusa
08/01/2025 16:04 ‧ há 14 horas por Lusa

Mundo

Ucrânia

Intervindo num debate no Conselho de Direitos Humanos da ONU hoje à tarde, a representante permanente deste país junto das Nações Unidas em Gebebra, Yevheniia Filipenko, observou que "a realidade na Ucrânia é tragicamente diferente" do período de Natal e Ano novo de outros países.

 

"No Natal, quando o mundo celebrava a paz, a Ucrânia foi atacada por 70 mísseis e mais de uma centena de drones russos, que visaram impiedosamente as nossas infraestruturas energéticas e mergulharam a nossa nação na escuridão. Entre as muitas atrocidades, o ataque bárbaro da Rússia a Kyiv danificou a histórica Catedral Católica Romana de São Nicolau, um precioso símbolo de fé e história. Atingiu também as embaixadas da Albânia, Argentina, Palestina, Macedónia do Norte, Portugal e Montenegro", recordou.

Salientou que "não foram meros ataques a edifícios, mas sim atos de barbárie selvagem e violações flagrantes do direito internacional, da humanidade e da própria civilização".

Filipenko acrescentou que, também "na passagem de ano, quando muitos davam as boas-vindas ao Ano Novo com alegria, a Ucrânia sofreu um novo horror: mais de uma centena de drones rasgaram o céu noturno e mataram duas pessoas e feriram sete, incluindo duas grávidas, no coração de Kyiv".

"Para nós, não houve fogo de artifício, apenas explosões. Não houve chávenas de chá, apenas vidros partidos. Não houve cânticos alegres em casas aquecidas, apenas famílias abrigadas em estações de metro. Esta é a realidade para milhões de ucranianos que apenas querem viver em paz", disse, reportando-se então às conclusões do mais recente relatório do gabinete do alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos sobre a situação na Ucrânia, publicado a 31 de dezembro passado e referente ao período entre 01 de setembro e 30 de novembro de 2024.

O relatório revela que, em setembro passado, "o número de vítimas civis aumentou para o valor mensal mais elevado desde julho de 2022", devendo-se esse aumento sobretudo à "intensificação das operações militares das forças armadas russas, especialmente na região de Donetsk", bem como à "utilização de bombas planadoras aéreas e de drones de curto alcance", responsáveis pelo crescimento do número de vítimas civis e danos causados às comunidades.

Ao apresentar hoje o relatório, a alta-comissária adjunta da ONU para os Direitos Humanos, Nada Al-Nashif, especificou que "os ataques incessantes [da Federação Russa] com bombas aéreas, mísseis de longo alcance e drones contribuíram para a morte de cerca de 574 civis, um aumento de 30% em relação ao ano anterior".

"Desde fevereiro de 2022, este conflito matou mais de 12.300 civis, incluindo mais de 650 crianças, e feriu mais de 27.800. Mais 700 instalações médicas e 1.500 escolas e colégios foram também danificados ou destruídos", apontou.

A responsável das Nações Unidas afirmou que, em vésperas de se assinalar o terceiro aniversário do início da agressão russa à Ucrânia, "prosseguem e aumentam violações graves do direito internacional em matéria de direitos humanos e violações graves do direito humanitário, incluindo eventuais crimes de guerra", e expressou particular preocupação com o recurso a novas armas nesta fase do conflito.

Al-Nashif também expressou "profunda preocupação com um aumento significativo de alegações credíveis de execuções de militares ucranianos capturados pelas forças armadas russas", assinalando que o gabinete do alto-comissariado para os Direitos Humanos registou torturas e "62 execuções em 19 incidentes distintos durante o período abrangido pelo relatório".

"Exorto as autoridades russas a pôr termo às execuções sumárias de prisioneiros de guerra ucranianos, a condenar esses atos e a processar os responsáveis. Exorto as autoridades de ambas as partes a tomarem medidas imediatas para pôr termo ao recurso à tortura contra os prisioneiros de guerra e a processarem os responsáveis", disse.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

Leia Também: EUA devem anunciar quinta-feira último pacote de ajuda militar à Ucrânia

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