"Cheguei a Beirute numa visita de solidariedade com o povo libanês. Uma janela abriu-se para uma nova era de estabilidade institucional com um Estado totalmente capaz de proteger os seus cidadãos e um sistema que permitiria que o tremendo potencial do povo libanês florescesse", escreveu Guterres na plataforma X.
"Faremos tudo para ajudar a manter essa janela bem aberta", assegurou o líder das Nações Unidas.
À chegada ao Aeroporto Internacional de Beirute, Guterres foi recebido por um grupo de responsáveis da ONU, incluindo o chefe da missão de paz das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), Aroldo Lázaro, e também pelo chefe da diplomacia libanesa, Abdallah Bou Habib, noticiou a Agência Nacional de Notícias (ANN) libanesa.
O ex-primeiro-ministro português e Bou Habib mantiveram posteriormente um encontro numa sala do próprio aeroporto, de onde saíram sem prestar quaisquer declarações à imprensa, segundo a comunicação social estatal.
Na sexta-feira, o secretário-geral deverá seguir para Naqoura, no sul do país, em visita à força de paz da ONU e visitará ainda outras posições de Capacetes Azuis no sul do Líbano, região duramente atingida pela ofensiva israelita lançada contra o país entre setembro e novembro passados.
As Nações Unidas mantêm cerca de 10.000 soldados no Líbano para garantir a implementação da resolução do Conselho de Segurança que pôs fim à guerra de 2006 com o Estado judaico, e que é agora também a base do cessar-fogo alcançado pelas partes há quase sete semanas.
De acordo com a agenda oficial, Guterres reunir-se-á no sábado com o novo Presidente libanês, Joseph Aoun, e com o primeiro-ministro Nawaf Salam, ambos nomeados na última semana para pôr fim a mais de dois anos de vácuo na chefia do Estado e de um Governo em funções, respetivamente.
No dia em que Guterres chegou ao Líbano, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, conclui a sua visita ao país, durante a qual ofereceu apoio aos novos líderes libaneses para fortalecer o Estado de direito e garantir a independência da Justiça, duas importantes tarefas pendentes.
"Ofereci a ajuda do meu gabinete aos seus compromissos com as reformas-chave que são necessárias para fortalecer o Estado de direito, a independência do poder judicial e a transparência do seu trabalho", disse Turk numa conferência de imprensa em Beirute, no final de uma visita de dois dias ao Líbano e à Síria.
"Igualmente importantes serão as reformas da justiça e das prisões para resolver - não menos importante - a sobrelotação e as condições precárias", acrescentou.
Ainda sobre a nova fase que o Líbano atravessa, o Conselho de Segurança da ONU aprovou hoje uma declaração presidencial em que "acolheu a recente eleição" do Presidente, Joseph Aoun, e a designação de Nawaf Salam como primeiro-ministro.
Também acolheu o acordo de cessação de hostilidades de 26 de novembro de 2024 entre Israel e o Líbano e apelou às partes para que implementem fielmente as suas disposições.
A declaração presidencial reafirma o apoio do Conselho à integridade territorial, soberania e independência política do Líbano e encoraja as novas autoridades libanesas a "dar continuidade aos seus esforços, continuando a trabalhar construtivamente para promover a estabilidade do país e formando rapidamente um Governo".
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