Trump perdoou. E a Justiça? "Perdão não muda verdade de janeiro de 2021"

Três juízas apontadas por administrações democratas explicaram à ABC News que os milhares de registos que existem sobre o ataque ao Capitólio não vão alterar a verdade do que se passou naquele dia - e criticam também a 'injustiça nacional' que serviu de justificação para os perdões a que Trump deu 'luz verde'.

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© Brent Stirton/Getty Images

Notícias ao Minuto
22/01/2025 23:57 ‧ há 3 horas por Notícias ao Minuto

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Donald Trump

Entre o perdão e comutações de penas concedidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cerca de 1.500 atacantes do Capitólio foram perdoados - incluindo o antigo líder do grupo ultranacionalista Proud Boys, Enrique Tarrio, que já saiu da prisão e festejou 'a rigor'.

 

Trump referiu mesmo a palavra "reféns" para descrever os beneficiados por este perdão presidencial, assim como se referiu ao perdão como uma correção de uma "injustiça nacional".

A ABC News falou com três juízes de Washington DC, com um deles a dizer que não houve "injustiça nacional" quanto às detenções dos atacantes, assim como "não houve nenhuma fraude eleitoral" na eleição de 2020, que levou a que apoiantes de Trump se manifestassem contra a vitória de Joe Biden - e atacassem o Capitólio. 

"Nenhum 'processo de reconciliação nacional' pode começar quando os pobres perdedores, cujo candidato preferido perde uma eleição, são glorificados por interromper um processo constitucionalmente obrigatório no Congresso e fazê-lo com impunidade", defendeu  Beryl Howell, que foi apontada para o cargo em Washington DC durante a administração Obama.

Segundo o que defendeu Howell, a situação atual só levanta a possibilidade de "futuras condutas ilegais por parte de outros pobres perdedores e mina o Estado de Direito". A juíza salientou ainda que o governo de Trump justifica estes perdões com apenas uma declaração, a de que está a corrigir uma "injustiça nacional'. 

Uma outra juíza ouvida pela imprensa deu conta de que os perdões "não vão mudar a verdade sobre o que aconteceu em janeiro de 2021".

"O que ocorreu naquele dia está preservado para o futuro através de milhares de vídeos contemporâneos, transcrições de julgamentos, veredictos do júri e pareceres judiciais que analisam e recontam as provas através de uma lente neutra", explicou escreveu Colleen  Kollar-Kotelly, nomeada durante a administração Clinton, acrescentando: "Esses registos são imutáveis e representam a verdade, independentemente da forma como os acontecimentos de 6 de janeiro são descritos pelos acusados ou pelos seus aliados".

A responsável salientou ainda a atuação das autoridades naquele ataque, apontando que os membros da polícia do Capitólio "foram confrontados durante horas e agredidos de forma violenta". "Mais de 140 agentes ficaram feridos. Outros, morreram na sequência do ataque daquele dia. Aqueles agentes levaram a cabo o seu dever, o dever de proteger", lembrou.

Uma outra juíza, nomeada também por Barack Obama, falou sobre como estes perdões em nada podem mudar o que se passou o ataque ao Capitólio. "Nenhum perdão pode alterar a trágica verdade do que aconteceu a 6 de janeiro de 2021 [...]. O arquivamento deste caso não pode desfazer o 'tumulto [que] deixou várias pessoas mortas, feriu mais de 140 pessoas e infligiu milhões de dólares em danos'", escreveu Tanya Chutkan.

"O registo histórico estabelecido por esses processos deve permanecer, inalterado por ventos políticos, como um testemunho e um aviso", acrescentou.

Leia Também: Novo presidente dos Estados Unidos perdoa 1.500 atacantes do Capitólio

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