O presidente norte-americano, Donald Trump, sugeriu que a Ucrânia não se deveria ter defendido quando foi invadida pela Rússia, uma vez que o chefe de Estado poderia ter alcançado “um acordo facilmente”.
“[O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky] estava a lutar contra uma entidade muito maior, muito mais poderosa. Não deveria tê-lo feito, porque poderíamos ter feito um acordo. Eu poderia ter alcançado esse acordo facilmente, e Zelensky decidiu, ‘quero lutar’”, apontou Trump, numa entrevista divulgada na quinta-feira pela Fox News.
O magnata foi mais longe, tendo dado conta de que o homólogo ucraniano “não é um anjo” e que “não deveria ter deixado esta guerra acontecer”.
No mesmo dia, o norte-americano defendeu que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia "terminaria imediatamente" se os preços do petróleo caíssem, numa alusão às vendas de hidrocarbonetos que têm alimentado a economia russa em quase três anos de guerra.
Na sua primeira grande intervenção num palco internacional desde que regressou à Casa Branca, na segunda-feira, Trump disse ter ficado desapontado por Riade e a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) ainda não terem baixado os preços do petróleo, até porque iria pressionar Moscovo a pôr fim à guerra na Ucrânia.
"Já o deviam ter feito há muito tempo. São, de facto, muito responsáveis, até certo ponto, pelo que está a acontecer" na Ucrânia, comentou, em videoconferência no Fórum Económico Mundial, em Davos.
O responsável indicou ainda que a sua administração está a trabalhar com vista à paz, uma vez que "é tempo de pôr fim" ao que classificou como "uma carnificina" na Ucrânia.
"Vou encontrar-me com o presidente [russo, Vladimir] Putin em breve", indicou, sem dar mais detalhes.
Trump, que prometeu acabar com a guerra em 24 horas e está agora a pedir 100 dias para alcançar a paz, ameaçou na terça-feira impor mais sanções à Rússia se o Putin se recusar a negociar um cessar-fogo.
Disse, além disso, estar a reconsiderar o envio de armas para a Ucrânia e que tencionava falar "muito em breve" com o homólogo ucraniano.
Por seu turno, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, comentou que Moscovo não vê "nada de particularmente novo" nas declarações do líder norte-americano e comentou que no, seu primeiro mandato, Trump tornou-se no presidente dos Estados Unidos que mais vezes recorreu a sanções.
"Estamos a observar muito atentamente toda a retórica, todas as declarações, estamos a registar cuidadosamente todas as 'nuances'", acrescentou, citado pela agência russa Interfax.
Leia Também: Kyiv de acordo com Trump sobre preço do petróleo para terminar guerra