O empresário que foi acusado de ter planeado o homicídio da jornalista de investigação Daphne Caruana Galizia, em 2017, foi libertado sob fiança, esta sexta-feira.
Yorgen Fenech, que nega as acusações, estava detido desde novembro de 2019. Há vários anos que o processo de pré-julgamento decorre, ainda que não tenha sido estabelecida uma data para o mesmo, noticiou a agência Reuters.
O tribunal decretou que o empresário não se poderá aproximar da costa ou do aeroporto de Malta a menos de 50 metros. O homem teve ainda de entregar os seus documentos de identidade e o passaporte, tendo ficado proibido de comunicar com as testemunhas da acusação, particularmente com um intermediário que entregou provas ao Estado, de acordo com aquele meio.
Além disso, a sua tia, que é a sua fiadora, teve de depositar várias centenas de milhares de euros junto do tribunal.
Vários outros pedidos de fiança tinham sido recusados, uma vez que os procuradores temiam que o empresário fugisse ou adulterasse provas.
Ainda assim, a defesa insistiu que Fenech satisfazia todas as condições de fiança exigidas pela lei e que tinha cumprido cinco anos de prisão sem julgamento, e sem nunca ter causado problemas no estabelecimento prisional.
Recorde-se que Alfred e George Degiorgio foram condenados a 40 anos de prisão cada, em 2022, depois de terem confessado serem responsáveis pela morte de Daphne Caruana Galizia, a 16 de outubro de 2017.
Daphne Caruana Galizia, que havia investigado o suposto envolvimento da classe política maltesa com os 'Panama Papers' e descoberto escândalos de corrupção e da máfia, foi morta depois de um engenho explosivo ter sido ativado no carro onde seguia, num ataque que chocou a opinião pública e levou à renúncia do então primeiro-ministro maltês, Joseph Muscat.
Os irmãos Degiorgio concordaram em admitir a responsabilidade pelo crime em troca de benefícios de prisão e uma pena de 40 anos Caso contrário, enfrentariam prisão perpétua. A juíza Edwina Grima proferiu a sentença e obrigou-os também a pagar 43 mil euros em custas processuais, cada um.
O caso está envolto em torno de quatro sujeitos: o empresário, acusado de planear o assassínio, que foi preso em 2019 quando tentava deixar Malta a bordo do seu iate; e os autores, os irmãos Degiorgio e um terceiro cúmplice, Vince Muscat, condenado a 15 anos em fevereiro de 2019.
O taxista Melvin Theuma, acusado de ser intermediário entre o mandante do crime e os assassinos, que foi amnistiado por ajudar a esclarecer o caso, assegurou que o empresário Fenech foi o "único cérebro" do crime.
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