Cerca de sete milhões de bielorrussos são chamados às urnas, numa votação que já arrancou antecipadamente na terça-feira, e da qual a diáspora foi excluída.
No poder desde 1994, Lukashenko, de 70 anos, aliado do Presidente russo, Vladimir Putin, defronta nestas eleições outros quatro candidatos, dos quais apenas um pode ser considerado crítico das atuais autoridades.
A Comissão Eleitoral Central (CEC) registou como candidata a empresária Hanna Kanapatskaya, que se opõe à aproximação com a Rússia e, em particular, à 'União Estatal' dos dois países, além de apelar à saída da aliança militar pós-soviética da Organização do Tratado de Segurança Coletiva e da Comunidade de Estados Independentes.
Também os presidentes dos partidos Liberal Democrático da Bielorrússia (PLDB), Oleg Gaidukyevich, e Republicano do Trabalho e da Justiça (ORTJ), Alexander Juzhniak, bem como o primeiro secretário do Partido Comunista da Bielorrússia (PCB), Sergey Sirankov, obtiveram autorização para participar no escrutínio.
Segundo a CEC, a candidatura de Lukashenko foi apoiada por mais de 2,5 milhões de eleitores, seguida pela de Gaidukyevich (134.472), de Sirankov (125.577), de Kanapatskaya (121.077) e de Juzhniak (112.779).
As sondagens oficiais indicam que 82,5% dos bielorrussos estão dispostos a votar em Lukashenko, que está no poder desde 1994 e procura um sétimo mandato.
Além disso, 2,9% apoiariam outro candidato; 7,9% votariam contra todos - uma opção prevista na legislação eleitoral - e 6,7% não participariam nas eleições.
Em 2020, nem a oposição nem o Ocidente reconheceram a vitória de Lukashenko, que desencadeou os maiores protestos da história recente do país e uma repressão policial sem precedentes.
A oposição no exílio apelou aos seus apoiantes para que votem contra, pois considera que não é possível realizar eleições democráticas livres na Bielorrússia, embora não esteja a exortar os seus apoiantes a saírem à rua por receio de uma repressão violenta.
Os opositores convocaram para domingo uma manifestação em Varsóvia, capital da Polónia.
As autoridades eleitorais proibiram qualquer captação de imagem dos boletins de voto, método que permitiu confirmar a falsificação dos resultados das eleições presidenciais de 2020.
Centenas de milhares de pessoas, incluindo muitos ativistas da oposição, foram para o exílio e não poderão exercer o seu direito de voto, uma vez que as autoridades não disponibilizaram urnas de voto no estrangeiro, alegando preocupações de segurança.
A votação antecipada começou na terça-feira e, até quinta-feira, cerca de 17,7% dos bielorrussos já tinham votado, uma prática que a oposição considera promover a fraude oficial.
O próprio chefe da CEC, Igor Karpenko, compareceu para votar antecipadamente, rejeitando como "absurdas" as acusações de fraude antes da conclusão do escrutínio de 26 de janeiro.
"Trata-se de uma interferência direta na soberania eleitoral do nosso país", afirmou, rejeitando "insinuações" de que as autoridades estão a forçar as pessoas a votar, especialmente as que trabalham em empresas públicas.
Numa resolução aprovada na quarta-feira, o Parlamento Europeu instou a União Europeia (UE) e a comunidade internacional a não reconhecerem a "vitória antecipada" de Alexander Lukashenko, e pediu o reforço de sanções contra as autoridades bielorrussas.
Os eurodeputados consideram "uma farsa" as eleições presidenciais na Bielorrússia e acusam Lukashenko de "governar impiedosamente" e de cometer "graves violações dos direitos humanos e dos princípios democráticos".
O Parlamento Europeu expressou ainda o seu "apoio inabalável ao povo bielorrusso na sua busca da democracia, da liberdade e dos direitos humanos".
Em resposta, as autoridades bielorrussas acusaram o Parlamento Europeu de "interferência grosseira no processo eleitoral de um Estado soberano".
Esta semana, à margem do Fórum Económico Mundial, em Davos, Suíça, o chefe da diplomacia portuguesa, Paulo Rangel, encontrou-se com a líder da oposição bielorrussa, Sviatlana Tshikhanouskaya, tendo reiterado "o apoio de Portugal à luta pela liberdade e pela democracia na Bielorrússia", anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, na rede social X.
Na mesma rede, a opositora bielorrussa destacou que Portugal "continua um aliado firme e de princípios".
"Concordámos organizar uma conferência internacional sobre transição democrática e justiça, inspirada pela experiência de Portugal na transição da ditadura", acrescentou.
Leia Também: "Lukashenko não tem vergonha de admitir que é um ditador"