Dani Dayan, presidente do Yad Vashem, o Centro Mundial de Memória do Holocausto, criticou as declarações feitas por Elon Musk no sábado, quando num vídeo durante a campanha eleitoral do partido da extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) o bilionário disse que era preciso "ultrapassar a culpa do passado" quanto aos crimes cometidos pelos nazis.
"As crianças não devem ser culpadas pelos pecados dos seus pais, muito menos dos seus bisavós", afirmou Musk, acrescentando: "Há demasiado enfoque na culpa do passado e temos de ultrapassar isso".
Na rede social X (antigo Twitter), da qual Musk é dono, Dani Dayan respondeu a esse posicionamento.
"Ao contrário do conselho de Elon Musk, a recordação e o reconhecimento do passado negro do país [Alemanha] e do seu povo devem ser centrais na formação da sociedade alemã. Não o fazer é um insulto às vítimas do nazismo e um perigo claro para o futuro democrático da Alemanha", escreveu, partilhando vídeo de Musk.
Contrary to @elonmusk advice, the remembrance and acknowledgement of the dark past of the country and its people should be central in shaping the German society. Failing to do so is an insult to the victims of Nazism and a clear danger to the democratic future of Germany. https://t.co/DzR5mxg9CD
— Dani Dayan (@AmbDaniDayan) January 26, 2025
Dani Dayan não foi o único a criticar o dono da rede social X, que cada vez mais se tem aproximado da política - até com um lugar na administração Trump. As declarações em causa foram também condenadas pelo primeiro-ministro da Polónia, Donald Tusk, que considerou as palavras como "sinistras", apontando que surgiram "pouco tempo antes do aniversário da libertação de Auschwitz", que se assinala esta segunda-feira.
Também o chanceler alemão, Olaf Scholz, condenou Musk, numa mensagem dirigida a Tusk: "Não podia estar mais de acordo consigo, caro Donald".
Leia Também: Biblioteca sobre o nazismo e o Holocausto acessível está na Internet