Restos de salmoura no asteroide Bennu têm minerais essenciais para a vida

Restos de salmoura antiga descobertos no asteroide Bennu contêm minerais cruciais para a vida na Terra, segundo um estudo que indica que este resíduo salino inclui compostos nunca antes observados em amostras de um corpo deste tipo.

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Lusa
30/01/2025 07:18 ‧ há 11 horas por Lusa

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As descobertas não mostram qualquer evidência de vida, mas sugerem que as condições necessárias para o seu surgimento estavam disseminadas por todo o sistema solar primitivo, o que "aumentaria a probabilidade de que a vida se pudesse ter formado noutros planetas e luas", pode ler-se num estudo.

 

A descrição da investigação foi publicada nas revistas Nature e Nature Astronomy em artigos separados escritos por investigadores do Museu Nacional de História Natural Smithsonian, da NASA e da Universidade de Hokkaido, entre outros.

O trabalho revela ainda um histórico da existência de água salgada que poderá ter servido de 'caldo' para estes compostos interagirem e se combinarem.

"Agora sabemos que os ingredientes básicos da vida foram combinados de formas realmente interessantes e complexas no corpo original de Bennu", destacou Tim McCoy, conservador de meteoritos do museu e coautor principal do primeiro artigo.

O asteroide pai de Bennu, que se formou há cerca de 4,5 mil milhões de anos, parece ter albergado bolsas de água líquida.

As novas descobertas indicam que a água evaporou, deixando para trás salmouras que fazem lembrar as crostas salgadas dos leitos secos dos lagos da Terra.

Bennu intriga os investigadores há muito tempo por causa da sua órbita próxima da Terra e da sua composição rica em carbono.

Os cientistas postularam que o asteroide continha vestígios de água e moléculas orgânicas e teorizaram que asteroides semelhantes poderiam ter trazido estes materiais para a Terra primitiva.

Em 2020, a sonda espacial OSIRIS-REx da NASA recolheu amostras de Bennu. Em setembro de 2023, enquanto a sonda sobrevoava a Terra, lançou uma cápsula com as amostras e, quando aterrou no deserto do Utah, os cientistas foram ao local recuperá-la.

No total, foram recolhidos cerca de 120 gramas de material, aproximadamente o peso de uma barra de sabão e o dobro da quantidade necessária para a missão.

As valiosas amostras foram distribuídas e cedidas a investigadores de todo o mundo para análise.

Entre eles está Sara Russell, mineralogista cósmica do Museu de História Natural de Londres e coautora principal de um dos artigos com McCoy, realçou o Smithsonian, em comunicado.

Os cientistas descobriram onze minerais no total que provavelmente existiam num ambiente semelhante à salmoura no corpo de Bennu.

A salmoura do asteroide difere em relação à da Terra devido à sua composição mineral. Por exemplo, as amostras de Bennu são ricas em fósforo, que é abundante em meteoritos e relativamente escasso na Terra.

As amostras apresentam também uma grande carência de boro, um elemento comum nos lagos hipersalinos da Terra, mas extremamente raro nos meteoritos.

Embora as salmouras de Bennu contenham uma interessante variedade de minerais e elementos, ainda não é claro se o ambiente local era adequado para transformar estes ingredientes em estruturas orgânicas altamente complexas.

O segundo estudo oferece mais informações sobre a composição de Bennu. Este trabalho descreve múltiplos aminoácidos formadores de proteínas nas amostras.

Relata também a descoberta de nucleobases (bases nitrogenadas) que a vida na Terra utiliza para armazenar e transmitir instruções genéticas em moléculas biológicas terrestres mais complexas, como o ADN e o ARN, incluindo como organizar os aminoácidos para formar proteínas, referiu a NASA, em comunicado.

Leia Também: Cientistas detetam em amostra de asteroide Bennu moléculas de formação de ADN

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