A reabertura da passagem de Rafah (no extremo sul do enclave palestiniano, na fronteira com o Egito) representa um avanço significativo que reforça o acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo islamita Hamas, que entrou em vigor em 19 de janeiro. Israel aceitou reabrir a fronteira, que facilita a saída de feridos, depois de o Hamas ter libertado as últimas reféns vivas em Gaza.
A televisão egípcia mostrou uma ambulância da Cruz Vermelha Palestiniana a parar junto ao portão da passagem e várias crianças a serem retiradas em macas e transferidas para ambulâncias no lado egípcio. O Ministério da Saúde de Gaza disse que cerca de 60 familiares estavam a acompanhar as crianças.
Espera-se que continue a haver retiradas regulares de palestinianos para tratamento no estrangeiro. Nos últimos 15 meses, a ofensiva de Israel contra o Hamas em retaliação pelos ataques de 07 de outubro de 2023 destruiu o sistema de saúde de Gaza, deixando a maioria dos hospitais sem poder funcionar e sem atender devidamente dezenas de milhares de palestinianos feridos e doentes.
O diretor-geral do Ministério da Saúde de Gaza, Mohammed Zaqout, disse que mais de 6.000 doentes estão prontos para serem retirados para o estrangeiro e que mais de 12.000 doentes necessitam urgentemente de tratamento, pelo que o pequeno número de pessoas que será retirado não cobrirá as necessidades.
Com o início da guerra na Faixa de Gaza, Israel assumiu o controlo total da passagem de Rafah, a principal via tanto para a entrada de ajuda humanitária como para a saída de residentes de Gaza doentes e feridos.
Em maio, quando as tropas do Governo do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, começaram a invadir a cidade de Rafah, no sul do enclave, apesar da oposição do ex-Presidente norte-americano, Joe Biden, ocuparam a passagem e esta foi encerrada.
Esta ação militar agravou a já significativa crise humanitária no enclave palestiniano.
Até ao acordo de cessar-fogo, em janeiro, Israel só ocasionalmente permitia que a passagem fosse aberta para a entrada de alguns camiões que transportavam ajuda humanitária, insuficiente para uma população faminta, e para a saída de pequenos grupos de pessoas doentes.
Agora, a passagem de fronteira, que está sob o controlo das autoridades israelitas, será controlada pela EUBAM - a missão de segurança europeia que enviará tropas comunitárias -, conforme acordado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), e também por residentes de Gaza não afiliados ao Hamas e autorizados por Israel.
As negociações sobre a segunda fase do acordo --- que prevê um cessar-fogo permanente, a retirada total de Israel de Gaza e a libertação de todos os restantes reféns --- deverão começar na segunda-feira.
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