O ataque foi atribuído às Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) e, segundo uma mensagem publicada nas redes sociais pelo ministro da Informação, Khalid Ali Aleisir, o bombardeamento visou o mercado de Sabrin.
"Há muitos mortos e feridos e uma grande destruição", escreveu o governante.
Pouco depois, também nas redes sociais, a Rede de Médicos do Sudão confirmou o número provisório de vítimas através de informações fornecidas pelo pessoal médico do hospital de Al-Nao, o mais próximo do local atingido, e denunciou que a ação "ignorou as mais elementares leis da guerra e os princípios humanitários internacionais, causando deliberadamente vítimas humanas entre civis que tinham procurado refúgio em Omdurman depois de terem sido deslocados das suas casas".
A cidade é, desde o início, um dos principais cenários do conflito que eclodiu em 15 de abril de 2023 entre o exército e os paramilitares, que devastou todo o país e provocou a fome nos seus campos de deslocados.
Os efeitos da guerra em Omdurman fazem-se sentir na falta de alimentos.
De acordo com as autoridades médicas do distrito de Um Badda, no leste da cidade, um total de 71 pessoas morreram de fome desde janeiro, incluindo 69 crianças e dois idosos, e 1.127 pessoas correm o sério risco de ter o mesmo destino, segundo um relatório do jornal Sudan Tribune.
A fome está a atingir sobretudo bairros como Dar Al Salam, Al Amir e Al Baqaa.
Além disso, o pessoal médico da região registou 1.082 casos de malária, 372 casos de diarreia devido ao consumo de água não potável, bem como 65 casos de dengue.
Após meses de aparente impasse na capital, o exército governamental lançou uma ofensiva em janeiro e retomou bases importantes, incluindo o seu quartel-general em Cartum, que estava cercado pelos paramilitares desde o início do conflito.
As RSF foram expulsas de muitos dos seus redutos e estão a ser cada vez mais empurradas para os arredores da capital.
Testemunhas do ataque de hoje, o mais recente a atingir civis em mercados, disseram à AFP que o fogo de artilharia veio do oeste de Omdurman, que ainda é controlado pelos paramilitares.
Este ataque ocorre um dia depois de o líder destas forças paramilitares, Mohamed Hamdane Daglo, ter prometido expulsar o exército da capital, reconhecendo assim, indiretamente, pela primeira vez, reveses contra o exército sudanês em Cartum.
A guerra no Sudão começou em 15 de abril de 2023 após o fracasso das negociações para integrar os paramilitares no exército no contexto de uma transição política no país após o derrube da ditadura do então Presidente, Omar al-Bashir, em 2019.
O conflito no Sudão entre o exército e as RSF desencadeou uma enorme catástrofe humanitária, matando dezenas de milhares de pessoas e desalojando mais de 12 milhões.
A fome é galopante nalgumas zonas do país, obrigando as famílias a sobreviver de erva e forragem, sobretudo no oeste e no sul do país.
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