Aga Khan: O grande legado de um homem discreto

Aga Khan viveu uma vida discreta, mas deixou ao mundo uma das maiores redes privadas para o desenvolvimento, empregando mais de 80.000 pessoas e ajudando milhões em 30 países, incluindo Portugal.

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© REUTERS/Amr Alfiky/File Photo

Lusa
04/02/2025 22:43 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Aga Khan

No dia da morte do líder dos muçulmanos ismaelitas desaparece o homem que sempre fugiu das capas dos jornais, mas também o fundador e presidente de um império alicerçado na Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN, Aga Khan Development Network).

 

Trata-se de um grupo de agências privadas internacionais que procuram melhorar as condições de pessoas em várias regiões do mundo, com um orçamento anual, para atividades sem fins lucrativos, que ronda os 600 milhões de euros.

Os números oficiais indicam ainda que mais de dois milhões de alunos beneficiam dos programas anuais de educação, que em cada ano a AKDN, em colaboração com diferentes parceiros, providencia cuidados de saúde de qualidade a cinco milhões de pessoas.

São por ano oito milhões de consultas em ambulatório em mais de 700 unidades de saúde, são 2,3 milhões de crianças em idade pré-escolar apoiadas, e mais um milhão de alunos em 200 escolas e duas universidades.

Através da rede AKDN, em cada ano mais de 770.000 pessoas têm acesso a água potável, são fornecidos 1,8 mil milhões de kwh de eletricidade limpa, 50 milhões de pessoas têm acesso a serviços financeiros, 40.000 voluntários são formados e mais de 3,2 milhões de árvores são plantadas.

Sempre com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de pessoas mais desfavorecidas, a AKDN trabalha especialmente em países da Ásia e África, sem restrições de fé, origem ou género.

Os projetos podem ir de áreas como a saúde ou educação a melhoramentos dos ambientes naturais e construídos, em áreas urbanas ou rurais, a serviços financeiros ou oportunidades económicas, mas também às áreas culturais, como música tradicional, arquitetura e arte.

Em 1967, a AKDN criou a Fundação Aga Khan, uma agência internacional, a primeira de nove, focada em problemas de desenvolvimento específicos, que forma parcerias intelectuais e financeiras com organizações com os mesmos objetivos.

Tem como missão ajudar a encontrar soluções para problemas, especialmente na Ásia e em África, mas como fundação privada e sem fins lucrativos, com poucos trabalhadores, mas milhares de voluntários chega a populações necessitadas de todos os continentes.

Portugal é um dos países onde a Fundação está presente, além de ser o país escolhido por Aga Khan para sede do "Imamat Ismaili" (imamato ismaelita), a instituição, ou gabinete do imã dos muçulmanos, depois de ter assinado em junho de 2015 com o governo português um acordo para a sede formal e permanente do "Imamat", em Lisboa.

Em Portugal, as atividades da Fundação têm-se centrado na educação de infância, no apoio à inclusão social e económica.

Mas abrange muito mais áreas, como a saúde, como a área da ciência, com um acordo de cooperação de 10 milhões de euros, ou a cultura, com o donativo de 200 mil euros para aquisição do quadro "A Adoração dos Magos", de Domingos Sequeira, e o apoio para aquisição de outras obras de arte.

O trabalho da fundação no país passa também pelo apoio a imigrantes, pelos 500 mil euros de doação de Aga Khan para bolsas de estudo para crianças cujas famílias foram vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande (em 2017), ou pelos 100 mil euros para plantação de árvores na mata de Leiria. Ou pelo anúncio da criação de uma Academia Aga Khan, um projeto de ensino de mais de 80 milhões de euros.

A nível internacional, as nove agências de desenvolvimento da AKDN incluem áreas, além da saúde, ensino e a economia, como o habitat ou como a cultura, incluindo o Prémio Aga Khan para a Arquitetura, o Programa das Cidades Históricas, o Programa Aga Khan para a Música, o Museu Aga Khan e o Programa Aga Khan para a Arquitetura Islâmica (em Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, MIT).

Os muçulmanos ismailis são uma comunidade global e multiétnica cujos membros, de diversas culturas, línguas e nacionalidades, vivem na Ásia Central e Meridional, Médio Oriente, África Subsaariana, Europa e América do Norte.

Aga Khan sucedeu ao seu avô, Sir Sultan Mahomed Shah Aga Khan, enquanto Imam dos muçulmanos xiitas ismailis em 1957, aos 20 anos.

Leia Também: Têxtil da Rede Aga Khan quer recuperar título de gigante regional

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