Os comentários de Netanyahu surgiram durante uma entrevista ao Canal 14 da televisão israelita, na quarta-feira, depois de o apresentador ter confundido "Estado palestiniano" com "Estado saudita".
Após a devida correção, Netanyahu disse, em tom de brincadeira, que uma mudança para o reino árabe "era uma ideia interessante" porque "os sauditas podem criar um Estado palestiniano no seu país, uma vez que há muito território lá".
O Qatar descreveu os comentários de Netanyahu como "declarações inflamatórias" e uma "violação flagrante do direito internacional e da Carta das Nações Unidas".
O Qatar "reafirma a total solidariedade com o Reino da Arábia Saudita" e apela à comunidade internacional para "combater firmemente este tipo de provocação", disse a diplomacia de Doha, num comunicado citado pela agência espanhola Europa Press.
A Arábia Saudita, sem mencionar explicitamente as declarações de Netanyahu, condenou hoje mais uma vez qualquer ideia de deslocação forçada do povo palestiniano.
Riade referiu-se a um exemplo de uma "mentalidade de ocupação extremista" que "não compreende o que a terra palestiniana significa para o povo palestiniano irmão ou a sua ligação emocional a ela".
As autoridades sauditas garantiram a meio da semana que o reino "não estabelecerá relações diplomáticas com Israel sem o estabelecimento de um Estado palestiniano independente".
A declaração foi feita depois de Netanyahu ter garantido, na terça-feira, em Washington, que a paz entre os dois países "não só é possível, como vai acontecer".
Trump lançou na semana passada a ideia de os Estados Unidos reconstruírem a Faixa de Gaza, devastada por 15 meses de bombardeamentos israelitas, e fazerem do território palestiniano uma "Riviera do Médio Oriente".
O plano, aplaudido por Netanyahu, implicaria a deslocação dos mais de dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza para o Egito, a Jordânia e outros países, segundo Trump.
Na sequência do plano de Trump, o Egito anunciou hoje que vai organizar uma "cimeira árabe de emergência" em 27 de fevereiro, para debater "os últimos desenvolvimentos graves" na questão palestiniana.
A cimeira foi convocada numa altura em que o Cairo reuniu apoio regional contra o plano de Trump.
A Faixa de Gaza ficou quase totalmente destruída devido à ofensiva militar israelita de grande escala que se seguiu ao ataque do Hamas contra Israel de 07 de outubro de 2023.
O conflito provocou dezenas de milhares de mortos, na grande maioria palestinianos, e os combates só foram interrompidos com uma trégua que entrou em vigor em 19 de janeiro.
O acordo prevê a troca de reféns israelitas raptados pelo Hamas em 07 de outubro por prisioneiros palestinianos detidos em Israel.
No âmbito do acordo, Israel retirou hoje as suas tropas do corredor de Netzarim, no centro do enclave, permitindo a circulação entre o norte e o sul do território governado pelo Hamas desde 2007.
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