Numa mensagem partilhada na sua página do Facebook, João Lourenço apresentou condolências ao povo namibiano e realçou que o primeiro Presidente da Namíbia, que morreu no sábado aos 95 anos, usou todas as energias e experiências para construir uma nação "forte" e "democrática", com bases sólidas no caminho do progresso, da prosperidade e bem-estar do povo namibiano.
Elogiou também o seu contributo para dinamizar a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) com iniciativas que ajudaram a reforçar o "seu papel catalisador da integração regional e do desenvolvimento da zona austral do continente".
Enquanto líder da South West Africa People's Organisation (Swapo), o movimento de libertação que cofundou em 1960, Sam Nujoma conquistou a independência da Namíbia, em 1990, da África do Sul, que tinha assumido o controlo do território à Alemanha após a Primeira Guerra Mundial.
Em 2021, considerou insuficiente a proposta da Alemanha de pagar mais de mil milhões de euros de indemnização pelo massacre de dezenas de milhares de indígenas Hereros e Namas, considerado o primeiro genocídio do século XX.
"A Namíbia deve voltar à mesa das negociações com a Alemanha", disse, descrevendo a proposta como "terrivelmente insignificante".
Nascido em 12 de maio de 1929 no seio de uma família de agricultores, Sam Nujoma era o mais velho de dez filhos. Cuidava de vacas e cabras, até que, aos 17 anos, deixou a remota aldeia do norte onde vivia para se mudar para a cidade portuária ocidental de Walvis Bay.
Descobriu a discriminação contra os negros e depressa se tornou sindicalista, frequentando aulas noturnas, onde conheceu ativistas pró-independência.
Forçado a exilar-se em 1960 no Botswana, depois no Gana e nos Estados Unidos, teve de deixar para trás a mulher e quatro filhos.
À frente da Swapo, lançou a luta armada em 1966. A guerra da independência custou mais de 20.000 vidas. Quando se tornou Presidente, Sam Nujoma recusou-se a criar uma comissão para examinar as atrocidades cometidas durante os 23 anos de conflito entre a Swapo e os esquadrões da morte pró-sul-africanos.
Depois de se retirar da vida política, regressou à escola e obteve um mestrado em Geologia, convencido de que as montanhas da Namíbia estavam repletas de riquezas minerais inexploradas.
Leia Também: Guterres convida PR angolano para participar na conferência sobre financiamento