"Não impus o recrutamento obrigatório na Síria. Em vez disso, optei pelo alistamento voluntário e hoje milhares de pessoas estão a juntar-se ao novo Exército sírio", disse o presidente interino ao programa (podcast) 'The Rest is Politics' dos britânicos Alastair Campbell e Rory Stewart.
O jornalista Alastair Campbell foi porta-voz do ex-primeiro-ministro trabalhista britânico, Tony Blair, e o académico e diplomata Rory Stewart integrou o govenro da conservadora Theresa May.
O novo Governo da Síria anunciou o desmantelamento do Exército de Al-Assad e de todos os grupos rebeldes armados, incluindo a organização radical islâmica Hayat Tahrir al-Sham (HTS), liderado por Al-Chareh.
De acordo com especialistas consultados pela agência France Presse, nos primeiros anos da guerra desencadeada em 2011 pela repressão das manifestações antigovernamentais, as baixas, as deserções e as recusas de recrutamento reduziram as tropas para cerca de metade, a partir de um efetivo inicial de cerca de 300 mil efetivos.
O governo de Al-Assad tinha sido apoiado pela Rússia e pelo Irão, bem como pelo Hezbollah (Partido de Deus) libanês e outros grupos pró-iranianos, antes de as Forças Armadas entrarem em colapso face ao avanço dos rebeldes liderados pelo HTS.
De acordo com o Presidente interino sírio, "um grande número de jovens" fugiu do regime de Al-Assad para escapar ao recrutamento militar obrigatório.
"Muitos antigos oficiais desertaram e estão a juntar-se gradualmente ao novo Ministério da Defesa", acrescentou.
As novas autoridades de Damasco anunciaram a integração dos grupos armados no futuro Exército nacional.
No terreno, as facções apoiadas pela Turquia continuam a lutar contra as Forças Democráticas Sírias (SDF), apoiadas pelos Estados Unidos, e contra a administração curda semi-autónoma no nordeste do país.
Al-Chareh apelou novamente ao levantamento das sanções contra a Síria, que, afirmou, foram impostas ao poder deposto de Al-Assad.
"Agora que desmantelámos o regime e as prisões, estas sanções devem ser levantadas, uma vez que já não se justificam", afirmou.
Para fazer face ao que chamou "grandes desafios de segurança", Al-Chareh defendeu o desenvolvimento económico.
"É nisso que nos estamos a concentrar neste momento. Sem crescimento económico, não pode haver estabilidade e, sem estabilidade, corremos o risco de criar um ambiente propício ao caos e à insegurança, acrescentou.
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