Os dois aviões chegaram com uns dez minutos de diferença, o primeiro deles pelas 21:03 horas locais de segunda-feira (01:03 horas de hoje em Lisboa), segundo imagens divulgadas pela televisão estatal venezuelana, que deram conta ainda do momento em que alguns dos venezuelanos repatriados desciam as escadas do avião, tendo sido recebidos pelas autoridades locais.
As chegadas foram transmitidas em direto pelo programa "Com Maduro +" e confirmadas pelo próprio Presidente da Venezuela, que sublinhou que os venezuelanos regressaram de "maneira segura, amorosa, apropriada, digna" e que seriam avaliados por uma equipa médica.
Segundo Nicolás Maduro, a repatriação dos venezuelanos faz parte de "um primeiro passo da diplomacia bolivariana de paz, para construir uma agenda de respeito, comunicação e entendimento entre a Venezuela e os Estados Unidos".
Por outro lado, recordou que, durante a recente visita a Caracas do enviado especial do novo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, Richard Grenell, a Venezuela solicitou o levantamento das sanções impostas pelos EUA.
"Se os EUA levantarem todas as sanções, nenhum migrante sairá do nosso país e os que estão fora regressarão para trabalhar, para construir e tornar a Venezuela mais próspera", disse Nicolás Maduro, que acusou a oposição de impulsionar e lucrar com a migração venezuelana.
A Venezuela enviou, na segunda-feira, dois aviões para os Estados Unidos para repatriar migrantes venezuelanos, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado, dez dias depois da visita de Grenell.
"A Venezuela informa o seu povo e o mundo que dois aviões estão atualmente a caminho de solo venezuelano (...) para transferir para o nosso território compatriotas migrantes venezuelanos que se encontravam nos Estados Unidos", pode ler-se num comunicado.
"O governo bolivariano informa ainda que foi notificado pelo governo dos Estados Unidos da América de que algumas das pessoas que regressam ao país estão ligadas a atividades criminosas ou envolvidas em ações criminosas [do grupo venezuelano] Tren de Aragua", sublinhou ainda Caracas, precisando que essas pessoas vão ser "submetidas a uma investigação rigorosa assim que tocarem em solo venezuelano e estarão sujeitas às ações previstas" no sistema de justiça local.
Em 31 de janeiro, Grenell reuniu-se com Nicolás Maduro em Caracas para exigir que o Governo venezuelano aceitasse o regresso incondicional dos venezuelanos expulsos dos Estados Unidos, incluindo membros do Tren de Aragua, e permitisse a libertação de reféns norte-americanos mantidos na Venezuela.
Grenell partiu com seis norte-americanos libertados, e Trump garantiu na altura ter obtido 'luz verde' quanto ao primeiro ponto.
Washington, que não reconhece a reeleição de Maduro, que a oposição considera fraudulenta, garante que não fez qualquer concessão, enquanto Maduro falou de um "novo começo" nas relações bilaterais entre os dois países, que não mantêm relações diplomáticas desde 2019.
Desde que assumiu o cargo, em 20 de janeiro, Trump, cuja principal prioridade é a imigração, retirou o estatuto de proteção temporária contra a deportação de que beneficiavam aproximadamente 600 mil venezuelanos devido à crise económica e de segurança no seu país.
Mais de 7,8 milhões de venezuelanos emigraram na última década, segundo a ONU. Muitos destes estão nos Estados Unidos.
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