Fim de cessar-fogo? Israel faz ultimato (Portugal pede "canais abertos")

O grupo islamita Hamas e Israel parecem estar num impasse em relação ao cessar-fogo. Sem negociações para a segunda fase do acordo iniciadas e com acusações e ameaças trocadas nas últimas horas, já há algumas detenções na Cisjordânia.

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© REUTERS/Hatem Khaled

Teresa Banha com Lusa
12/02/2025 08:55 ‧ há 3 horas por Teresa Banha com Lusa

Mundo

Médio Oriente

A semana já prometia ser decisiva quando, um dia após a libertação de reféns, o Hamas ameaçou que o cessar-fogo podia estar "em risco de colapsar". A troca de farpas começou no sábado, quando Telavive ficou "em choque" com o estado em que três reféns foram libertados. Com um aspeto subnutrido, três reféns - dois dos quais com ligação a Portugal - foram libertados. Israel prometeu não deixar de dar uma resposta, perante a situação.

 

No domingo, o grupo islamita acusou Israel de "procrastinação" em relação ao início das negociações para a segunda fase do acordo entre os dois lados, que já devia ter começado. A 'resposta' de Israel começou surgir ontem, quando o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu garantiu: "Se o Hamas não libertar reféns até ao meio-dia de sábado, o cessar-fogo terminará."

"Se o Hamas não libertar reféns até sábado, o cessar-fogo terminará"

Na segunda-feira, a ala armada do movimento islamita palestiniano Hamas anunciou que iria adiar a libertação de reféns israelitas prevista para sábado, "até nova ordem".

Notícias ao Minuto com Lusa | 18:03 - 11/02/2025

A declaração foi feita depois de uma reunião de mais de quatro horas com o gabinete de segurança, e a decisão foi aprovada "por unanimidade". Caso o grupo islamita não liberte os reféns, Netanyahu garantiu que as Forças de Defesa de Israel voltaram a "combater até que o Hamas seja finalmente derrotado". Já hoje, a imprensa internacional dá conta de que estão a acontecer detenções na Cisjordânia. Já ontem, a presença das mesmas forças tinha sido reforçada na Faixa de Gaza, segundo o próprio anunciou.

"Todos expressamos indignação com a situação chocante dos nossos três reféns que foram libertados no último sábado", reforçou Netanyahu, acrescentando que "todos" acolheram a "demanda do presidente Trump para a libertação dos reféns israelitas até ao meio dia de sábado".

O que diz o Hamas?

O Hamas não demorou muito tempo a responder, e, citado pela agência espanhola Efe, um porta-voz apontou que "Netanyahu devia cumprir o acordo palavra por palavra". "Isto garantirá que tudo avance suavemente e sem atrasos, e levará à libertação de prisioneiros de ambos os lados", acrescentou.

O porta-voz, Mahmud Mardawi, apontou que o que estava acordado em termos de ajuda humanitária escasseava, já que apenas 8.500 dos 12.000 camiões planeados entraram em Gaza, e também o combustível disponibilizado - necessário ao funcionamento de infraestruturas essenciais - não estava a ser o combinado. Segundo o porta-voz, penas entraram no enclave 15 camiões de combustível por dia, em vez de 50.

Denunciou ainda que nenhuma unidade de habitação móvel chegou a Gaza, quando eram esperadas 60 mil, e que apenas 20 mil tendas entraram no enclave, apesar do acordo de 200 mil para a Faixa de Gaza, onde mais de 70% das estruturas foram danificadas ou destruídas, segundo a ONU.

Depois de anunciar o possível atraso da troca de reféns no sábado, o Hamas disse logo a seguir que "a porta permaneceria aberta" desde que Israel cumprisse os prazos e requisitos acordados.

Note-se ainda que esta é uma altura em Israel conta com o aparente apoio ilimitado dos Estados Unidos, já que o presidente, Donald Trump, se reuniu com Netanyahu na semana passada e apresentou um plano para Gaza, declarando que os Estados Unidos iam "apoderar-se" da Faixa de Gaza e "livrar-se dos edifícios destruídos", com o objetivo de desenvolver economicamente o território, afirmações que foram amplamente condenadas em todo o mundo.

Trump defendeu que os palestinianos iriam para um sítio "melhor" e já ontem apontou que estes não teriam direito ao retorno. "Terão alojamentos melhores", apontou, depois de ter vindo a defender que queria construir "um grande terreno imobiliário".

O que diz a comunidade internacional?

O receio de elevar a tensão já fez a comunidade internacional manifestar-se, com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) a contactar o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed Al Thani, para tentar salvar o cessar-fogo em Gaza, após Israel ameaçar retomar "combates intensos".

Guterres em contacto com Qatar para tentar salvar cessar-fogo em Gaza

Guterres em contacto com Qatar para tentar salvar cessar-fogo em Gaza

O secretário-geral da ONU esteve em contacto com o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed Al Thani, para tentar salvar o cessar-fogo em Gaza, confirmou esta terça-feira um dos porta-vozes de António Guterres após Israel ameaçar retomar "combates intensos".

Lusa | 21:19 - 11/02/2025

O porta-voz adjunto de Guterres, Farhan Haq, observou que o secretário-geral está a tentar dar "todo o apoio diplomático" à situação, considerando "o acordo de cessar-fogo essencial", uma vez que levou "tanto alívio a uma população que sofreu tanto, especialmente em Gaza".

Também cerca de trinta relatores e especialistas em direitos humanos da ONU rejeitaram na terça-feira, numa declaração conjunta, a ideia de os EUA assumirem o controlo de Gaza, alertando que "significaria um regresso aos anos sombrios da conquista colonial".

Planos de Trump em Gaza

Planos de Trump em Gaza "significariam retorno aos anos de colonialismo"

Cerca de trinta relatores e especialistas em direitos humanos da ONU rejeitaram esta terça-feira, numa declaração conjunta, a ideia de os EUA assumirem o controlo de Gaza, alertando que "significaria um regresso aos anos sombrios da conquista colonial".

Lusa | 23:57 - 11/02/2025

Em Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, mostrou-se confiante de que será possível manter o cessar-fogo em vigor, defendendo que "o Hamas não pode ser parte da solução" na Faixa de Gaza.

"Por um lado, é evidente que para Israel e para o bem de Israel é muito importante manter o curso da libertação de reféns", disse o ministro, numa entrevista à SIC, acrescentando: "Depois, sinceramente, não vejo que o Hamas tenha interesse em reabrir a violência", apontou.

Rangel confiante:

Rangel confiante: "É possível manter o cessar-fogo" na Faixa de Gaza

Interrogado sobre os planos de Donald Trump para que os Estados Unidos assumam o controlo de Gaza e desloquem permanentemente os seus habitantes, o governante português não tomou uma posição e voltou a reforçar a importância de ter "cabeça fria" para manter "os canais abertos".

Carmen Guilherme | 23:50 - 11/02/2025

O ministro dos Negócios Estrangeiros disse não ter "dúvidas" de que a Autoridade Palestiniana está a preparar-se para assumir o controlo da Faixa de Gaza no futuro, mas vai precisar de "ajuda" para ter a "capacidade institucional", sobretudo "no plano da segurança", onde necessitará de "ajuda externa".

"Mas há uma coisa que é evidente: o Hamas não pode ser parte da solução. Isto é uma posição clara do Governo português. O Hamas é uma organização terrorista capaz de coisas terríveis", frisou Paulo Rangel.

Leia Também: Reconstrução de Gaza custará mais de 51 mil milhões de euros

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