ONU denuncia "graves violações" dos direitos humanos no Bangladesh

A ONU denunciou hoje "graves violações" dos direitos humanos cometidas contra os manifestantes durante a repressão dos protestos do verão de 2024 no Bangladesh, durante os quais foram mortas cerca de 1.400 pessoas.

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© MUNIR UZ ZAMAN/AFP via Getty Images

Lusa
12/02/2025 15:50 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

Bangladesh

"Existem motivos razoáveis para crer que funcionários do antigo governo, dos serviços de segurança e de informações, bem como elementos violentos associados ao antigo partido no poder [Liga Awami] cometeram violações graves e sistemáticas dos direitos humanos", afirmou o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, durante a apresentação do relatório duma investigação da ONU.

 

O que começou por ser um protesto estudantil contra um sistema controverso de quotas de emprego público para descendentes de antigos combatentes da guerra de libertação do Bangladesh (1971) rapidamente se transformou numa revolta aa juventude do país, que levou à queda do governo da ex-primeira-ministra, Sheikh Hasina, que fugiu para a Índia a 05 de agosto do ano passado.

O relatório da ONU, que cita "várias fontes credíveis", estima que "cerca de 1.400 pessoas poderão ter sido mortas entre 1 de julho e 15 de agosto" e milhares ficaram feridas, a maioria das quais por disparos das forças de segurança do Bangladesh, das quais 12-13% eram crianças.

"Existem motivos razoáveis para crer que certos crimes contra a humanidade foram cometidos contra os manifestantes e os seus apoiantes", acrescentou.

A ONU "documentou ações graves de vingança cometidos imediatamente após as manifestações", que visaram os "apoiantes do antigo partido no poder, agentes da polícia e, em alguns casos, pessoas pertencentes a minorias e grupos religiosos", referiu Turk.

Os crimes contra a humanidade incluem "assassínio, tortura, prisão e outros atos desumanos", salientou a ONU num comunicado, indicando que o relatório se baseia no "testemunho de altos funcionários e noutras provas".

De acordo com Turk, "os mais altos níveis do anterior governo tinham conhecimento e estavam envolvidos" em "violações muito graves".

Ainda assim, o alto comissário defendeu que é necessário realizar "uma investigação urgente e exaustiva".

Hasina, de 77 anos, é acusada pelo sistema de Justiça do Bangladesh de crimes contra a humanidade e é alvo de vários mandados de captura internacionais.

O Prémio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, assumiu liderança do país até à realização de eleições legislativas, previstas para o final do ano ou para o início de 2026.

O relatório desenvolvido pela ONU foi realizado a pedido de Yunus, que se congratulou com o documento e assegurou que pretende fazer do Bangladesh "um país onde todos os cidadãos possam viver em segurança e dignidade".

"A responsabilização e a justiça são essenciais para a cura nacional e para o futuro do Bangladesh", para garantir que as graves violações dos direitos humanos 'não voltem a acontecer', segundo Volker Türk.

Leia Também: ONU acusam regime do Bangladesh de eventuais crimes contra humanidade

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