"Este criminoso não pode contar com qualquer clemência. Deve ser punido e deve abandonar o país", disse o líder alemão.
O acidente aconteceu hoje de manhã, numa praça perto do centro de Munique, quando um homem conduziu um carro contra um grupo de pessoas que estavam numa manifestação sindical, num ato que, segundo o governador da Baviera, Markus Söder, parece ter sido um ataque planeado.
O acidente feriu pelo menos 8 pessoas, incluindo crianças, duas das quais estão em estado grave, segundo adiantou a polícia.
O suspeito, que foi detido de imediato no local, é um requerente de asilo afegão de 24 anos que, de acordo com o ministro do Interior do estado da Baviera, Joachim Herrmann, era conhecido das autoridades pelo seu envolvimento em roubos e crimes relacionados com drogas.
O ministro da Justiça do estado, Georg Eisenreich, adiantou que um departamento de procuradores está a investigar o caso como um ato de extremismo e terrorismo.
O incidente de hoje acontece três semanas depois de um menino de dois anos e um homem terem sido mortos num ataque com uma faca em Aschaffenburg, também na Baviera.
O suspeito desse ataque era também um afegão, cujo pedido de asilo foi rejeitado, o que impulsionou a migração para o centro da campanha eleitoral alemã.
Antes do ataque em Aschaffenburg já tinham sido registados ataques com faca em Mannheim e Solingen, no ano passado, em que os suspeitos eram imigrantes do Afeganistão e da Síria, respetivamente --- neste último caso, também um requerente de asilo rejeitado.
Num atropelamento de um carro no mercado de Natal de Magdeburgo, em dezembro, o suspeito era um médico saudita que já tinha chamado a atenção de várias autoridades regionais.
O principal bloco conservador de oposição da Alemanha, no qual Söder é uma figura proeminente, exigiu uma abordagem mais dura à migração irregular, apelando a que muito mais pessoas sejam enviadas de volta para as fronteiras do país e que haja um aumento das deportações.
A contenção da migração é também uma questão central para o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha, que as sondagens colocam em segundo lugar nas intenções de voto, atrás dos conservadores.
"Esta é mais uma prova de que não podemos ir apenas de ataque em ataque e mostrar consternação, agradecendo à polícia pela sua mobilização", disse Söder.
"Na verdade, temos de mudar alguma coisa. Este não é o primeiro ato deste tipo; por isso, estamos convencidos de que algo deve mudar na Alemanha, e rapidamente", afirmou.
O Governo de centro-esquerda, liderado por Olaf Scholz, referiu, no entanto, que já fez muito para reduzir a migração irregular e que os planos da oposição são incompatíveis com as leis alemãs e da União Europeia.
O chanceler observou que o seu governo deportou criminosos condenados para o Afeganistão num voo em agosto e está a trabalhar para o fazer novamente --- "e não apenas uma vez, mas continuamente".
Reiterando que o último incidente foi "realmente terrível", Scholz lembrou que "qualquer pessoa que cometa crimes na Alemanha não será apenas severamente punida e terá de ir para a prisão, mas deve esperar que não possa continuar a sua estadia na Alemanha".
Isto, acrescentou, "também se aplica aos países para os quais é muito difícil enviar pessoas de volta".
A capital da Baviera está hoje -- e nos próximos dias - sob um forte dispositivo de segurança, já que recebe, a partir de sexta-feira, uma Conferência de Segurança, onde estarão presentes cerca de 60 chefes de Estado e de Governo, para discutir uma nova ordem mundial e os conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente.
Herrmann referiu, no entanto, que as autoridades não acreditam que o atropelamento esteja relacionado com a conferência, mas admitiu ainda têm de determinar os motivos em causa.
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