"É muito incipiente falar nestes momentos de um contingente de tropas na Ucrânia. Neste momento não há paz e o esforço tem de ser consegui-la o mais depressa possível", disse Albares, numa conferência de imprensa em Madrid ao lado do homólogo do Brasil, Mauro Vieira.
"Quando tenhamos paz haverá que ver que condições precisa essa paz e quando se fala de qualquer tipo de destacamento de forças, temos de ver para que missão, quem o pode integrar, sob que bandeira, com que mandato", acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Espanha.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, é um dos líderes europeus que estará hoje em Paris na reunião convocada pelo Presidente de França, Emmanuel Macron, para abordar a segurança e defesa da Europa.
Albares acrescentou que a paz na Ucrânia "tem de ir mais longe do que um simples cessar-fogo" e "tem de ser justa e duradoura".
"Não pode haver prémios às guerras de agressão e não pode ser simplesmente uma paragem até à próxima guerra", sublinhou.
Albares ressalvou que "todo o debate é legítimo", mas para haver "um debate sério" há neste momento "ainda muitas hipóteses" em aberto.
Questionado sobre o mesmo tema, o MNE brasileiro, Mauro Viera, respondeu que o Brasil está sempre pronto para integrar missões das Nações Unidas, sem concretizar mais.
Sobre a reunião de hoje em Paris, José Manuel Albares disse esperar que fique "mais uma vez" evidenciada "uma unidade europeia" e "uma visão europeia comprometida com a paz na Ucrânia".
Além de Sánchez e Macron, estarão hoje em Paris líderes do Reino Unido, Alemanha, Itália, Polónia e Dinamarca.
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, afastou hoje a possibilidade de o seu país participar numa possível mobilização militar na Ucrânia, enquanto o líder do Governo britânico, Keir Starmer, manifestou disponibilidade para enviar tropas, numa entrevista que foi publicada no jornal The Telegraph.
"O Reino Unido está pronto para desempenhar um papel de liderança na aceleração do trabalho em garantias de segurança para a Ucrânia. Isto inclui um maior apoio ao exército ucraniano (...), mas também significa estar pronto para contribuir com as garantias enviando as nossas próprias tropas para o solo, se necessário", disse Starmer.
O líder polaco, no entanto, realçou que continuará a apoiar a Ucrânia com ajuda financeira, humanitária e militar, "na medida das possibilidades da Polónia", de acordo com a agência de notícias PAP.
Donald Tusk declarou ainda que a Ucrânia precisa de "garantias reais" de segurança e espera cooperação entre a Europa e os Estados Unidos neste novo cenário.
Tusk não vê atualmente qualquer alternativa à NATO para fornecer tais garantias, embora a administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, tenha alertado na semana passada que este horizonte não parece realista a curto prazo.
Também hoje a ministra dos Negócios Estrangeiros sueca, Maria Malmer, não descartou o envio de forças de paz para a Ucrânia.
"Precisamos primeiro de negociar agora uma paz justa e duradoura que respeite o direito internacional (...). Quando tivermos essa paz estabelecida, ela terá que ser mantida e, para isso, o nosso governo não descarta nada", disse.
Na quarta-feira passada, o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, tiveram uma longa conversa telefónica em que, entre outros assuntos, discutiram a guerra na Ucrânia e comprometeram-se a iniciar "de imediato" negociações sobre o assunto.
No sábado, o enviado especial do Presidente norte-americano à Ucrânia e à Rússia, Keith Kellogg, assumiu que os países europeus não teriam lugar à mesa das negociações, mas que as suas opiniões poderiam ser tidas em conta.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Os aliados de Kyiv também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
O conflito de quase três anos provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, bem como um número por determinar de vítimas civis e militares.
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