UE denuncia "situação extremamente grave do jornalismo" na Geórgia

O representante permanente da União Europeia (UE) na Geórgia, Pawel Herczynski, denunciou hoje "a situação extremamente grave do jornalismo no país", dando como exemplo a situação da jornalista Mzia Amaglobeli, detida e em greve de fome.

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Lusa
17/02/2025 23:42 ‧ há 4 semanas por Lusa

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Herczynski fez referência, durante uma cerimónia de entrega de prémios aos meios de comunicação social georgianos, às "tentativas de impedir a liberdade de expressão de ideias antigovernamentais" e à "violência contra jornalistas" na Geórgia, segundo a agência noticiosa georgiana Interpressnews.

 

O diplomata europeu acrescentou que esta situação "é inaceitável para um país candidato à UE".

A jornalista Mzia Amaglobeli, co-fundadora e diretora dos meios de comunicação online Batumelebi e Netgazeti, foi detida por alegadamente esbofetear um polícia em resposta a insultos e está em greve de fome há 37 dias.

Foi detida inicialmente a 11 de janeiro durante protestos na capital georgiana por usar autocolantes que incentivavam a uma greve geral e chegaria a ser solta sob fiança, mas 15 minutos depois foi novamente detida pelo mesmo polícia que efetuou a primeira detenção.

Foi decretada prisão preventiva e agora enfrenta uma possível pena de prisão entre quatro a sete anos.

Pawel Herczynski defendeu a causa de Amaglobeli, que "é um símbolo de coragem e de luta pela justiça" e apelou à sua "libertação imediata, tendo em conta o seu estado de saúde".

"A situação atual é muito difícil para os jornalistas na Geórgia, o ambiente está a tornar-se cada vez mais hostil, os jornalistas enfrentam cada vez mais ameaças e violência", afirmou.

A UE regista "uma deterioração rápida e alarmante da liberdade de imprensa na Geórgia", acrescentou.

"Os jornalistas estão a ser intimidados, espancados e presos por dizerem a verdade", afirmou.

"As acusações do embaixador sobre a deterioração da liberdade de imprensa são irrelevantes e alheias à ética diplomática", uma fonte do governo georgiano, que preferiu o anonimato, disse à agência espanhola EFE.

A fonte governamental defendeu ainda que "dezenas de canais e outros meios de comunicação social da oposição trabalham livremente na Geórgia".

"No que diz respeito a Amaglobeli, nenhuma profissão, em nenhum país, constitui uma exceção para a agressão a um polícia", afirmou.

Amaglobeli foi posteriormente transferida de Batumi para Tbilisi e hospitalizado na clínica Vivamedi, onde também se encontra detido o antigo presidente da Geórgia Mikheil Saakashvili, detido há mais de dois anos e condenado a seis anos de prisão por abuso de poder e corrupção.

O primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Kobajidze, qualificou de "vergonhosas" as declarações daqueles que afirmam que a detenção de Amaglobeli é um sinal de repressão da liberdade de expressão.

A Geórgia encontra-se no meio de uma crise política que se agravou a 28 de novembro, depois de o governo do partido Georgian Dream ter congelado as negociações de adesão do país à UE.

A oposição, que já tinha rejeitado os resultados das eleições legislativas, retomou com renovado vigor os protestos contra o governo na capital da Geórgia e noutras grandes cidades.

Leia Também: Eurodeputados recusam reconhecer autoridades da Geórgia e pedem sanções

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