Rússia quer falar sobre segurança europeia e não apenas sobre a guerra

A Rússia deixou hoje claro que a resolução da guerra na Ucrânia está indissociavelmente ligada à reorganização da arquitetura de segurança da Europa, numa altura em que se iniciaram conversações russo-americanas em Riade sem europeus.

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© Maksim Konstantinov/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Lusa
18/02/2025 13:08 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

Ucrânia

Há muito que a Rússia pede a retirada das forças da NATO da Europa de Leste, porque vê a Aliança como uma ameaça existencial.

 

Moscovo utilizou este argumento para justificar a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro 2022.

O presidente norte-americano, Donald Trump, tem sido muito crítico em relação aos aliados europeus e menos disposto a apoiar a Ucrânia do que o antecessor, Joe Biden.

A reunião de hoje em Riade entre os chefes da diplomacia russa, Sergei Lavrov, e norte-americana, Marco Rubio, marca a primeira vez que os dois países se encontram a este nível e neste formato desde a invasão da Ucrânia.

O encontro surge após o telefonema da semana passada entre Trump e Vladimir Putin, que abalou a unidade ocidental e a estratégia de isolamento do Presidente russo.

Trump apresentou a conversa como o início de conversações de paz para a Ucrânia.

Já Moscovo deixou claro que a guerra não pode ser travada sem um acordo mais amplo, e pretende relançar as relações russo-americanas como um todo.

"Um acordo a longo prazo, um acordo viável [na Ucrânia] é impossível sem uma análise abrangente das questões de segurança no continente", afirmou hoje o porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov, questionado pela agência francesa AFP.

A Rússia exigiu no final de 2021 uma reformulação da arquitetura de segurança europeia e, de facto, uma retirada das forças da NATO da Europa Oriental, bem como um compromisso ocidental de não expandir a Aliança para leste.

Pouco depois de estas exigências terem sido rejeitadas, invadiu a Ucrânia.

Apesar de Washington e Moscovo terem retomado o diálogo, o ambiente no início da reunião em Riade, pouco antes das 10h30 locais, no Palácio Diriyah, era claramente tenso.

Sentados à volta de uma grande mesa de mogno, com os rostos fechados, Rubio e Lavrov enfrentavam-se, segundo a AFP.

Ambas as partes tentaram minimizar as expectativas em relação ao primeiro encontro, que marca uma reviravolta que europeus e ucranianos temiam.

"Os contactos russo-americanos ao mais alto nível estão a provocar uma verdadeira histeria entre os euro-atlânticos", comentou hoje a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, nas redes sociais.

A Rússia excluiu a participação europeia nas conversações, porque, segundo Lavrov, a Europa quer que a guerra continue.

Do lado europeu, os líderes estão a procurar formas de se manterem em jogo.

O presidente francês, Emmanuel Macron, convidou apressadamente os líderes de alguns países para Paris, numa tentativa de estabelecer uma posição comum sobre a segurança europeia.

Mas a reunião de segunda-feira não resultou em decisões concretas.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou hoje que a UE pretende "formar uma equipa" com os Estados Unidos para uma paz "justa e duradoura" na Ucrânia.

Disse-o após uma reunião com o enviado especial de Trump, general Keith Kellogg, que deverá visitar Varsóvia e Kyiv esta semana.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que se encontra hoje na Turquia e é esperado na Arábia Saudita na quarta-feira, disse que nem sequer foi informado da reunião em Riade.

Zelensky insistiu na segunda-feira que a Ucrânia "não reconheceria" qualquer acordo alcançado sem Kyiv, e considerou que os ucranianos e os ocidentais deveriam ter uma posição comum antes de falar com Moscovo.

Washington e Moscovo afirmaram que Kyiv participaria nas conversações quando chegasse o momento.

Outras questões-chave sobre as quais Washington e Moscovo estavam a cooperar antes da invasão podem voltar à mesa: desarmamento nuclear, forças convencionais na Europa, programa nuclear do Irão ou o conflito israelo-palestiniano.

Além de um encontro entre Trump e Putin, que poderá ocorrer também na Arábia Saudita.

Leia Também: Termina reunião entre diplomatas dos EUA e Rússia em Riade

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