Israel confirmou na terça-feira que o Hamas vai libertar, no sábado, os últimos seis reféns vivos no âmbito da primeira fase do acordo de cessar-fogo, depois de o grupo ter anunciado que iria acelerar as libertações.
O grupo de seis reféns incluiu Avera Mengistu e Hisham al-Sayed, dois homens que estão detidos pelo Hamas desde 2014 e 2015, respetivamente, altura em que entraram na Faixa de Gaza por conta própria.
Os outros quatro reféns foram todos apanhados a 7 de outubro de 2023: o pai Tal Shoham e três jovens raptados num festival de música, Omer Shem-Tov, Omer Wenkert e Eliya Cohen.
As famílias de todos estes seis reféns vivos confirmaram que os homens estão na lista de prisioneiros programados para serem libertados no próximo fim de semana.
"Vejo o nome do Omer na televisão e não acredito. Agora posso dizer que podemos respirar e estou apenas à espera de abraçar o meu Omer", confessou Shelly, mãe de Omer Shem-Tov, ao canal de televisão norte-americano Channel 12 News.
Além destes seis reféns vivos, o Hamas deverá libertar, nas próximas duas semanas, os corpos de oito reféns mortos.
Avera Mengistu, 37 anos
É um dos dois homens que está detido na Faixa de Gaza há uma década. No sábado, quando for libertado, terá passado 3.821 dias em cativeiro.
Segundo a família e as autoridades israelitas, Mengistu entrou no norte de Gaza a partir da praia de Zikim, em setembro de 2014.
O homem, na altura com 28 anos, foi visto pelas câmaras de videovigilância das Forças de Defesa de Israel (IDF), mas conseguiu atravessar a vedação antes de os militares chegarem ao local. Acabou por ser apanhado por uma patrulha do Hamas e não se voltou a ouvir falar mais dele até o grupo divulgar, no início de 2023, um vídeo em que apareceu vivo.
Hisham al-Sayed, 37 anos
É o segundo dos dois homens que está preso, há uma década, em Gaza. Este israelita também tinha 28 anos quando entrou no território palestiniano perto do cruzamento de Erez, em abril de 2015.
O pai entretanto revelou que não foi a primeira vez que Hisham al-Sayed entrou na Faixa de Gaza, mas dessa vez foi apanhado pelo Hamas e ficou nas mãos do grupo.
No sábado, quando for libertado, terá passado quase 3.600 dias nas mãos do Hamas.
Antes de entrar em Gaza já tinha sido diagnosticado com doenças mentais.
"Foi diagnosticado com esquizofrenia e um distúrbio de personalidade, entre outras condições, e foi repetidamente internado", explicou a Human Rights Watch.
Desde que entrou na Faixa de Gaza, só se ouviu falar do israelita em 2022, quando o Hamas divulgou um vídeo em que apareceu cansado, deitado numa cama e ligado a uma botija de oxigénio.
Tal Shoham, 39 anos
Este cidadão israelo-austríaco, da cidade de Maale Tzviya, no norte de Israel, foi feito refém pelo Hamas a 7 de outubro, quando visitava a família da mulher.
A mulher Adi Shoham, a filha Yahel, de três anos, e o filho Naveh, de oito, bem como a sogra Shoshan Haran e a tia da mulher Sharon Avigdori também foram feitas reféns, mas acabaram por ser libertadas a 25 de novembro de 2023.
O sogro, Avshalom Haran, foi morto durante o ataque, bem como os tios da mulher, Eviatar e Lilach Kipnis.
Pouco se sabe sobre o estado de saúde do refém.
Eliya Cohen, 27 anos
A mãe, Sigi Cohen, contou ao Times of Israel que o jovem estava num festival de música com a noiva quando o Hamas atacou.
Ainda tentaram fugir, mas foram perseguidos e alvejados. Chegaram a esconder-se entre cadáveres num abrigo anti-bomba mas a noiva, que escapou, contou à mãe de Cohen que o viu ser puxado, colocado numa carrinha e ser levado.
Descobriu-se, mais tarde, que o jovem foi levado no mesmo carro que os reféns Hersh Goldberg-Polin, Or Levy e Alon Ohel, que também foram raptados nesse dia.
No início deste mês, a família revelou que falou com alguns reféns recentemente libertados, que disseram que Cohen esteve acorrentado durante todo o tempo de cativeiro e tem acesso a muito pouca comida e luz do dia.
A ferida de bala, com que foi atingido na perna no dia do rapto, também ainda não foi devidamente tratada.
Omer Wenkert, 23 anos
Omer Wenkert também foi raptado no festival de música. Nessa manhã, às 7h50, falou com os pais e disse-lhes que estava "morto de medo".
Mais tarde, o Hamas enviou-lhes um vídeo de Omer amarrado a uma carrinha branca, em roupa interior, confirmando que tinha sido feito refém na Faixa de Gaza.
De acordo com os pais, Wenkert sofre de colite, uma inflamação no intestino grosso, e pode ter ataques "muito dramáticos".
Pelos amigos é descrito como "vibrante" e "sociável". Trabalhava como gerente num restaurante e queria tornar-se crítico gastronómico.
Omer Shem-Tov, 22 anos
Falou pela última vez com os pais por volta das 10h00 de 7 de outubro, parecendo estar em pânico com as informações que circulavam, dando conta de mortes e raptos do Hamas na zona.
Depois de entrar no carro de um amigo, partilhou com a família a localização em tempo real. Os pais repararam que o carro seguia em direção a Gaza e, pouco depois, perderam o rasto do filho.
Mais tarde viram um vídeo do Hamas, que tinha sido publicado no Telegram, e mostrava Omer Shem-Tov e o amigo deitados no chão, na Faixa de Gaza.
Também pouco se sabe sobre o estado de saúde do programador informático.
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