"<span class="news_bold">Desde que existe diplomacia, não houve uma cena tão grotesca e desrespeitosa como a que ocorreu no Salão Oval", disse no sábado Lula da Silva, que estava em Montevideu para a tomada de posse do novo presidente uruguaio, Yamandu Orsi.
"Acho que Zelensky foi humilhado e acho que, na cabeça de Trump, Zelensky mereceu", acrescentou o líder brasileiro de esquerda.
Lula da Silva considerou "muito possível que a Europa seja responsabilizada pelo desastre" da guerra na Ucrânia.
"É um problema da responsabilidade das pessoas que não querem discutir a paz e preferem discutir a guerra", acrescentou.
"Não é possível falar de democracia se não houver respeito pelo próximo", disse o chefe de Estado, que espera que, depois do conflito terminar, "todos tenham aprendido uma lição".
"Só a paz pode trazer normalidade ao mundo e permitir que as pessoas vivam em prosperidade e com distribuição de riqueza para o nosso povo", enfatizou.
Lula voltou a pedir o diálogo entre a Rússia e a Ucrânia para pôr fim à guerra e disse que o Brasil é favorável a um acordo entre os países porque já foi gasto "muito dinheiro" no conflito.
"Acredito que não pode haver paz se os dois presidentes que estão em conflito não participarem. A decisão certa deve ser tomada se o mundo quer paz. Acredito que o mundo precisa de paz", acrescentou.
Estas declarações surgiram um dia depois de um confronto verbal na Casa Branca, durante o qual Trump, erguendo a voz, ameaçou abandonar a Ucrânia se Zelensky não fizer concessões à Rússia.
"Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz", disse Trump numa mensagem na sua rede social, Truth Social.
A assinatura de um acordo sobre os minerais, hidrocarbonetos e infraestruturas ucranianas, para a qual o chefe de Estado da Ucrânia se tinha deslocado a Washington, não se realizou.
Trump acusou também o homólogo ucraniano de ter "faltado ao respeito aos Estados Unidos" na Sala Oval, sublinhando que Washington deu à Ucrânia muito dinheiro e que ele "devia estar mais grato".
Horas mais tarde, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, apelou a Zelensky que peça desculpas.
O líder ucraniano devia "pedir desculpa por estar a desperdiçar o nosso tempo com uma reunião que terminou assim", disse na sexta-feira o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em entrevista à televisão norte-americana CNN.
Numa entrevista à televisão norte-americana Fox News depois do confronto, Zelensky rejeitou dever um pedido de desculpas a Trump.
Na sequência da altercação, os líderes da União Europeia, Canadá e numerosos países declararam publicamente apoio a Zelensky e a uma paz "justa e duradoura" com a Rússia.
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