"O que aconteceu na Casa Branca na sexta-feira mostrou como será difícil encontrar o caminho para um acordo na Ucrânia", disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, numa conferência de imprensa.
"Zelensky demonstrou uma total falta de diplomacia", acusou Peskov, citado pela agência francesa AFP.
Trump e Zelensky protagonizaram uma discussão acesa perante os jornalistas na presidência norte-americana, em Washington, que terminou sem a esperada assinatura de um acordo que permitiria aos Estados Unidos acesso aos minerais ucranianos em troca de garantias de segurança à Ucrânia.
Na sequência do confronto verbal na Casa Branca, Peskov apelou para que Zelensky seja forçado a fazer a paz com a Rússia, que invadiu o país vizinho há três anos.
Peskov afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, repetiu em várias ocasiões que as autoridades ucranianas "recusam um acordo através de negociações".
"Alguém tem de obrigar Zelensky a mudar de ideias. Ele não quer a paz. Alguém tem de o obrigar a querer a paz", disse Peskov.
"Se os europeus o fizerem, honra e glória para eles", acrescentou, referindo-se a uma cimeira dos aliados europeus de Kyiv realizada em Londres no domingo.
Peskov insistiu que o que aconteceu na sexta-feira na Casa Branca "mostrou como será difícil encontrar uma solução para a Ucrânia" e acusou Zelensky de ter demonstrado "uma total falta de diplomacia".
"Nesta situação, apenas os esforços dos Estados Unidos e a boa vontade de Moscovo não serão suficientes" para pôr fim ao conflito na Ucrânia, afirmou, também citado pela agência espanhola EFE.
Para o porta-voz do Kremlin, Zelensky confirmou também a incapacidade de Kiev em aceitar a anexação dos seus territórios pela Rússia, não reconhecida pela Ucrânia nem pela generalidade da comunidade internacional.
"Só um cego não consegue ver a realidade e só um surdo não a quer ouvir", afirmou, referindo-se à anexação da Crimeia, em 2014, e de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, em 2022.
Peskov acrescentou que Moscovo vai prosseguir as negociações com Washington, iniciadas em meados de fevereiro em Riade, para normalizar as relações bilaterais.
A imprensa e a televisão russas têm-se regozijado com a discussão acrimoniosa entre Zelensky e Trump, considerando que prova a afirmação de Putin de que o homólogo ucraniano é "um líder tóxico", segundo a EFE.
Leia Também: Europa está "a trabalhar para criar base sólida" para atingir "paz justa"