ONG russas e bielorrussas ameaçadas por cortes na ajuda externa

Ativistas de organizações de defesa dos direitos humanos russas e bielorussas avisaram hoje em Londres que a redução da ajuda externa pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido põe em risco as suas atividades. 

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© Maksim Konstantinov/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Lusa
06/03/2025 17:53 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

Ucrânia

Natalya Satsunkevich, membro do Centro de Direitos Humanos de Viasna, uma das principais organizações bielorrussas cujo fundador, Ales Bialiatski, foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz em 2022, adiantou que esta organização deverá ser forçada a cortar o número de funcionários.

 

"Isso vai reduzir a quantidade de informação que podemos recolher, documentação de tortura, repressão", afirmou à agência Lusa, durante um encontro com jornalistas. 

Uma limitação do trabalho, vincou, significa que a comunidade internacional deixa de perceber "o que está a correr mal, se existem apenas algumas detenções num ano ou violações maciças dos direitos humanos" na antiga república soviética. 

Esta e outras organizações não-governamentais (ONG) bielorrussas estimam que existem pelo menos 1.210 prisioneiros políticos na Bielorrússia devido à repressão pelo regime do Presidente Alexander Lukashenko, cuja reeleição para um sétimo mandato em 26 de janeiro foi considerada "fraudulenta" pela União Europeia. 

Calculam também que cerca de 600 mil bielorrussos terão abandonado o país devido à crise sociopolítica, quase 5% do total da população. 

Elena Lipatova, especialista em advocacia na organização russa OVD-Info, explicou que muitas das organizações dependem da ajuda externa para funcionar porque "não é fácil obter apoio financeiro de outros doadores". 

Esta ONG contabilizou 1.191 casos de casos criminais contra "dissidentes anti-guerra" nos últimos seis meses na Rússia e estima que estejam detidos 1.503 prisioneiros políticos.

As duas ativistas fazem parte de uma delegação de representantes de várias organizações, nomeadamente o Comité de Helsínquia da Bielorrússia, PEN Bielorrússia, Casa dos Direitos Humanos da Bielorrússia Barys Zvozskau e Agora (Rússia), e de advogados de direitos humanos, que se deslocaram a Londres para contactos com o Governo e deputado britânicos. 

A iniciativa foi coordenada pela Fundação Casa dos Direitos Humanos (HRHF), uma organização internacional não-governamental que junta cerca de 80 coligações de organizações locais independentes da sociedade civil que trabalham para promover os direitos humanos na Europa Oriental e Ocidental, Balcãs e Cáucaso.

"É evidente que, neste momento, o Reino Unido, e penso que a Europa em geral, está a tentar reavaliar e reconfigurar a sua política de defesa e segurança. O que nos preocupa é que não incluam um olhar e uma estratégia para lidar com a repressão no interior da Rússia e Bielorrússia", afirmou o diretor de advocacia da HRHF, Dave Elseroad. 

Este responsável considera que "estas são fontes de informação fundamentais para a comunidade internacional" e lamentou que os cortes de financiamento dos EUA tenham sido "acompanhados por uma retórica anti-sociedade civil sobre o [alegado] desperdício e a fraude no setor das ONG, que caiu diretamente nas mãos de figuras autoritárias autocratas de toda a região, que estão a utilizar esses comentários a usá-los contra a sociedade civil". 

"Esperamos que o Reino Unido e outros Estados europeus contrariem essa retórica", urgiu.

No final de janeiro, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou a suspensão do trabalho da agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento (USAID), que fornece a maioria a ajuda externa dos EUA. 

De acordo com a ONU, os Estados Unidos são, de longe, o maior fornecedor de ajuda externa, com quase 70 mil milhões de euros investidos até 2023, representando 40% da ajuda humanitária global.

Na semana passada, o Reino Unido anunciou o corte na ajuda externa dos atuais 0,5% do Rendimento Nacional Bruto [RNB] para 0,3% para financiar o aumento da despesa em defesa para 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2027. 

Leia Também: "Temos de escolher a versão da paz que nos convém"

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