Dodik apela aos sérvios-bósnios para abandonarem a polícia do Estado central

O líder político Milorad Dodik pediu hoje aos sérvios-bósnios que trabalham nos sistemas policial e judicial do Estado central da Bósnia que abandonem estas instituições e se juntem às entidades sérvias da Bósnia.

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Lusa
07/03/2025 13:46 ‧ 07/03/2025 por Lusa

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Milorad Dodik

"Convido todos aqueles que trabalham na SIPA [polícia central da Bósnia], no gabinete do procurador [do Estado central] e no tribunal [do Estado central] a apresentarem-se às instituições competentes da Republika Srpska [RS-República Sérvia]", disse Milorad Dodik, presidente da RS numa conferência de imprensa em Banja Luka, capital da entidade sérvia.

 

"Nós reservamos-lhes um emprego, preservando o seu estatuto legal, as suas patentes e posições. Terão o mesmo salário, ou até um salário superior ao que tinham", disse o Dodik.

"Não fazemos nada através da violência, não apelamos [pessoalmente] a ninguém e não ameaçamos. Mas todos devem saber que a Republika Srpska tem mecanismos para defender as suas capacidades e vamos fazê-lo", acrescentou o responsável da entidade sérvia.

Quase três décadas após a guerra intercomunitária (1992-1995), que fez perto de 100.000 mortos e milhões de deslocados, a Bósnia é atualmente constituída por duas entidades, a República Srpska (RS - República Sérvia) e a Federação Croata-Muçulmana, ambas amplamente autónomas e ligadas por um Governo central.

Na noite de quarta-feira, Dodik assinou uma lei que expulsa a justiça e a polícia centrais da Bósnia da RS, que entra em vigor hoje.

Os líderes bósnios (muçulmanos) denunciaram um "golpe de Estado", e o Ministério Público do Estado abriu uma investigação por "ataque à ordem constitucional".

Também na quarta-feira, o líder conservador da oposição sérvio-bósnia, Igor Crnadak, alertou para o facto de esta medida poder conduzir a um conflito armado entre os agentes da polícia central e os polícias sérvios-bósnios.

Os membros croatas e bósnios muçulmanos da presidência tripartida da Bósnia-Herzegovina pediram, na quinta-feira, à União Europeia (UE) que reforce a missão de paz EUFOR, que garante a paz no país balcânico perante as crescentes tendências secessionistas sérvias.

Denis Becirovic, que representa os muçulmanos bósnios na Presidência, apelou hoje, numa reunião com vários embaixadores da União Europeia (UE), em Sarajevo, para que sejam dados "passos concretos" nesse sentido, nomeadamente um aumento do número de soldados da EUFOR.

A EUFOR é uma força militar liderada pela UE, composta por cerca de 1.000 militares de 22 países, que controla o cumprimento do Acordo de Paz de Dayton de 1995, que pôs fim à guerra civil na Bósnia, o conflito mais sangrento da antiga Jugoslávia.

A Presidência já solicitou ao Tribunal Constitucional do país que avalie a constitucionalidade de leis recentes e de outros atos através dos quais a RS alegadamente violou de forma "brutal" a Constituição da Bósnia-Herzegovina, concluiu a declaração.

O embaixador da UE em Sarajevo, o italiano Luigi Soreca, descreveu as "ações unilaterais que violam as competências das instituições estatais [da Bósnia]" como "inaceitáveis", noticiou a estação de televisão regional N1.

Leia Também: Dodik garante que não é ameaça para a Bósnia-Herzegovina

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