"Netanyahu, se a guerra recomeçar, os reféns vão morrer por sua causa; o sangue deles estará nas suas mãos", disse Omri Lifshitz, cujo pai, Oded, morreu em Gaza e cujo corpo foi entregue na semana passada como parte da primeira fase do cessar-fogo, de acordo com a agência espanhola de notícias, a Efe, que cita o jornal The Times of Israel.
Segundo as declarações recolhidas durante o protesto semanal das famílias dos reféns, em Telavive, Einav Zangauker, a mãe do refém israelita Matan Zangauker, que permanece em Gaza, disse que a continuação da guerra apenas serve os interesses de Netanyahu, que se recusou a criar uma comissão pública de inquérito para determinar a responsabilidade pelos ataques do Hamas de 7 de outubro, enquanto os combates continuam.
"Estamos numa situação de emergência e não devemos deixar-nos cegar por rumores: a guerra pode recomeçar esta semana", advertiu esta mulher, que é uma das figuras mais ativas do movimento das famílias de reféns.
Os pedidos dos familiares dos reféns surgem numa altura em que o Hamas diz ver "indicadores positivos" nas negociações indiretas com Israel para manter o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza e passar à segunda fase, segundo o porta-voz do grupo, Abdul Latif al-Qanou.
"Os esforços dos mediadores egípcios e do Qatar para concluir a aplicação do acordo de cessar-fogo e iniciar a segunda fase das negociações prosseguem e os indicadores são positivos", disse hoje o porta-voz do grupo, em comunicado.
No entanto, pouco depois da mensagem, um funcionário israelita não identificado pela Efe disse aos meios de comunicação social locais que Israel não tinha visto qualquer progresso nas negociações.
O movimento xiita libanês Hezbollah começou a disparar foguetes através da fronteira com Israel a 08 de outubro de 2023, um dia depois do ataque liderado pelo grupo islamita palestiniano Hamas no sul de Israel que desencadeou a guerra em Gaza. Israel respondeu com bombardeamentos e ataques aéreos no Líbano e as duas partes entraram num conflito crescente que se transformou numa guerra total no final de setembro.
Mais de 4.000 pessoas foram mortas no Líbano e mais de um milhão foram deslocadas no auge do conflito, das quais mais de 100.000 não puderam regressar a casa. Do lado israelita, dezenas de pessoas foram mortas e cerca de 60.000 continuam deslocadas.
O acordo de cessar-fogo que interrompeu em novembro o conflito entre Israel e o Hezbollah estipula que as forças israelitas devem retirar-se do sul do território libanês, enquanto o movimento xiita deve manter-se afastado da fronteira entre os dois países e desmantelar as suas infraestruturas militares. No entanto, após o prazo estabelecido pelo acordo, Israel manteve-se em cinco posições que considera estratégicas no sul do Líbano.
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