"Enquanto escrevo isto, ele [Rodrigo Duterte] está a ser transferido à força para Haia esta noite. Isto não é justiça, é opressão e perseguição", denunciou Sara Duterte num comunicado citado pela agência espanhola EFE.
Sara Duterte acusou o executivo do Presidente e antigo aliado nas eleições de 2022, Ferdinand Marcos Jr, de entregar um cidadão filipino "a potências estrangeiras".
Trata-se de uma "afronta flagrante à nossa soberania", afirmou.
A vice-presidente acrescentou que o pai "não compareceu perante nenhuma autoridade judicial competente para fazer valer os seus direitos" desde que foi detido em Manila.
A filha mais nova do antigo presidente, Veronica Duterte, denunciou nas redes sociais que as autoridades filipinas estavam a levar Rodrigo Duterte "à força para um avião sem ter em conta o seu estado de saúde".
Segundo ela, o político de 79 anos estava "a ficar mais fraco a cada minuto".
A alegada transferência imediata para Haia não foi confirmada pelo palácio presidencial.
O advogado de Duterte solicitou ao Supremo Tribunal das Filipinas que suspendesse a detenção do ex-presidente.
O Supremo Tribunal disse num comunicado que devido à importância do caso foi decidido analisar a petição no sentido de suspender a detenção do ex-chefe de Estado.
O ex-chefe de Estado das Filipinas foi detido hoje em Manila depois de o TPI ter emitido um mandado de captura, acusando Rodrigo Duterte de crimes contra a humanidade.
Os alegados crimes decorrem da guerra de Duterte contra a droga durante o mandato como chefe de Estado (2016-2022), em que cerca de 6.000 pessoas foram mortas em operações antidroga e em execuções extrajudiciais, de acordo com dados da polícia.
Organizações não-governamentais (ONG) filipinas denunciaram que o número de vítimas ascende a mais de 30.000 mortos.
A detenção ocorreu no Aeroporto Internacional Ninoy Aquino, na capital filipina, num voo proveniente de Hong Kong em que viajava Duterte, às 09:20 locais (01:20 em Lisboa).
A Polícia Nacional das Filipinas (PNP) enviou 379 efetivos para o Terminal 3 do aeroporto para assegurar a ordem durante a execução do mandado que a Interpol de Manila recebeu do TPI.
A polícia também exortou o público a manter a calma e a evitar a propagação de informações erróneas, segundo a agência de notícias filipina PNA.
"A PNP adverte fortemente contra a propagação de notícias falsas e aconselha o público a confiar apenas em fontes oficiais do governo para obter informações precisas", afirmou a PNP num comunicado.
À chegada ao aeroporto, o Procurador-Geral filipino apresentou a notificação oficial do TPI a confirmar o mandado de captura contra Duterte, segundo o Gabinete de Comunicação Presidencial, citado pela PNA.
O gabinete presidencial disse que os agentes da polícia que executaram o mandado estavam equipados com câmaras corporais para garantir a transparência durante toda a operação.
O chefe da PNP, general Rommel Francisco Marbil, e o diretor do Grupo de Investigação e Deteção Criminal), major-general Nicolas Torre, supervisionaram as medidas de segurança no aeroporto, acrescentou a PNA.
[Notícia atualizada às 13h08]
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