"O processo de negociações sobre o texto do acordo de paz com a Arménia foi concluído", declarou à imprensa o ministro dos Negócios Estrangeiros do Azerbaijão, Jeïhoun Baïramov.
Pouco tempo depois, a diplomacia arménia anunciou, num comunicado de imprensa, que "o acordo de paz está pronto para ser assinado" e que pretendia iniciar consultas "sobre a data e o local da assinatura".
No entanto, num sinal de tensão, a Arménia criticou o Azerbaijão por ter feito um anúncio "unilateral", quando Erevan pretendia que fosse um anúncio "conjunto".
Os dois países travaram duas guerras, uma vencida pela Arménia após a queda da URSS, no início da década de 1990, e a outra vencida pelo Azerbaijão, em 2020.
Ambos os conflitos foram travados pelo controlo da região de Nagorno-Karabakh, no Azerbaijão.
As forças do Azerbaijão reconquistaram finalmente toda a região aos separatistas arménios em setembro de 2023, após uma ofensiva militar relâmpago.
Arménios e azeris têm estado envolvidos numa série de confrontos transfronteiriços desde a sua independência da URSS, em 1991.
A Rússia, a União Europeia (UE) e os Estados Unidos têm estado envolvidos em esforços de mediação em várias ocasiões.
As negociações bilaterais decorrem há vários anos e têm sido marcadas por períodos de progresso e de tensão.
Em janeiro, o primeiro-ministro arménio, Nikol Pachinian, anunciou progressos, mas sublinhou que dois artigos continuavam pendentes.
O chefe da diplomacia do Azerbaijão, por seu lado, garantiu que "a Arménia aceitou as propostas do Azerbaijão sobre os dois artigos do tratado de paz".
Segundo a mesma fonte, o Azerbaijão, mais rico e mais bem armado do que o seu vizinho graças ao petróleo e à aliança com a Turquia, espera agora que a Arménia altere a sua Constituição, que faz referência à sua declaração de independência, um documento que menciona os pontos de vista de Erevan sobre Nagorno-Karabakh.
A Arménia já reconheceu a soberania do Azerbaijão sobre esta região montanhosa, que os dois países consideram central para a sua história e da qual a população de etnia azeri fugiu nos anos 1990, após a vitória militar arménia.
Na sequência da ofensiva azeri de setembro de 2023, Baku recuperou o controlo de Nagorno-Karabakh, forçando a fuga de quase toda a população de etnia arménia, cerca de 100.000 pessoas.
Em 2024, a Arménia também devolveu ao vizinho quatro aldeias fronteiriças que controlava há décadas, na sequência de um outro acordo sobre a demarcação da fronteira entre os dois países.
Desde que invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Rússia, uma potência regional tradicional, tem-se mantido largamente afastada do recente processo de aproximação.
Além disso, a Rússia mantém relações tensas com a Arménia, que acusa de não a ter apoiado contra o Azerbaijão, apesar da sua aliança militar. Por conseguinte, Erevan aspira a aderir à União Europeia.
As relações entre a Rússia e o Azerbaijão também têm estado num impasse desde dezembro de 2024, com Baku a acusar Moscovo de não reconhecer plenamente e de tentar encobrir o facto de a defesa antiaérea russa ter abatido por engano um avião azeri.
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