A ministra da Segurança Nacional, Patricia Bullrich, descreveu o que aconteceu na quarta-feira em torno do edifício do Parlamento como uma situação "extremamente grave", com manifestantes que tinham facas e armas de fogo preparadas para "gerar violência".
Numa conferência de imprensa, Patricia Bullrich afirmou que, por esse motivo, "foi tomada a decisão de começar a dispersar os (manifestantes) violentos desde o primeiro momento".
O protesto, no qual as forças de segurança federais e a polícia da capital argentina atacaram os manifestantes para dispersar o protesto, resultando em 46 feridos e 124 detidos, foi convocado para demonstrar apoio aos pensionistas que protestam todas as quartas-feiras em frente ao Congresso
"Aqueles que geram violência serão objeto de repressão por parte do Estado", advertiu Bullrich, acrescentando que a operação policial foi "adequada".
A mobilização contou com a participação de sindicatos, organizações sociais e adeptos de futebol de clubes como River Plate, Boca Juniors, Racing e Independiente, em solidariedade com os reformados que todas as quartas-feiras exigem em frente ao Congresso uma atualização das suas pensões, cujo nível é muito baixo.
Bullrich disse que vai pedir a expulsão imediata da Argentina de uma mexicana e de uma peruana detidas durante a marcha.
A ministra anunciou ainda que o executivo de Milei e o governo da capital vão apresentar uma queixa-crime conjunta contra os detidos "por sedição, por irem contra as forças de segurança e por atentado e resistência à autoridade".
Bullrich apontou Leandro Caprioti, adepto do clube de futebol Chacarita Juniors, como o "principal organizador" da marcha, à qual, segundo a ministra, se juntaram vários adeptos de outros clubes.
A ministra afirmou ainda que alguns dos manifestantes abandonaram a sede do município de La Matanza, em Buenos Aires, cujo presidente da câmara, o peronista Fernando Espinoza, acusou de "permitir a organização dos violentos".
Afirmou ainda que outro grupo abandonou o município de Lomas de Zamora, em Buenos Aires, também governado pelo partido peronista.
Segundo Bullrich, "tudo isto foi organizado com o objetivo de desestabilizar o governo e vão tentar fazer tudo às quartas-feiras".
"Foi uma marcha organizada por bandos, por grupos violentos de esquerda, por diferentes setores que procuram a desestabilização total e absoluta do nosso governo", insistiu.
O executivo de Milei questionou ainda a juíza Karina Andrade, que ordenou a libertação de 114 dos detidos.
A juíza justificou no seu despacho que "estavam em causa direitos constitucionais fundamentais, como o direito de protesto, de manifestação em democracia, de petição às autoridades, de liberdade de expressão".
Entre os feridos durante a repressão da marcha encontra-se o fotógrafo Pablo Grillo, que foi atingido na cabeça por uma botija de gás e permanece internado num hospital de Buenos Aires em estado grave.
Em solidariedade com Grillo, os fotojornalistas argentinos realizaram hoje um protesto às portas do Congresso, onde, com as suas câmaras erguidas, repudiaram a atitude das forças de segurança e exigiram que Bullrich fosse afastada das suas funções.
Bullrich disse lamentar "muito" o estado de Grillo, mas afirmou que quem disparou "a arma não letal, usou-a de forma correta".
"Fez ricochete numa barricada com fogo que os militantes violentos tinham feito. Fez ricochete e por isso mudou de direção e atingiu o fotógrafo militante que estava lá", disse.
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