Este é um dos muitos protestos que têm sido convocados nos últimos dias em resposta à detenção de Mahmoud Khalil, um destacado ativista pró-Palestina que no ano passado ajudou a organizar protestos na Universidade de Colúmbia e que agora enfrenta um processo de deportação.
À Lusa, Nerdeen Kiswani, fundadora da Within Our Lifetime - uma organização comunitária liderada por palestinianos e uma das organizadoras deste protesto -, garante que os estudantes, apesar de temerem represálias, não irão recuar no apoio ao povo de Gaza.
"O mundo inteiro está a ver o genocídio na Palestina e agora está a ver também o que acontece nos Estados Unidos a quem se opuser a esse genocídio. Estão a tentar silenciar o nosso movimento pró-Palestina, mas tudo o que isto fará é expor ainda mais Israel e os seus crimes de guerra", disse a ativista, que admitiu que há cerca de um ano que vem recebendo ameaças de morte, mas garante que não irá desistir de lutar.
Ativistas pró-Israel pediram à administração de Trump nas últimas semanas que iniciasse procedimentos de deportação contra os manifestantes.
"Os ativistas estão a ser tratados como alvos. Vimos a detenção e tentativa de deportação de Mahmoud Khalil, vimos a Universidade da Colúmbia a anunciar a suspensão e expulsão de alunos que participaram nos protestos pró-Palestina, e isso mostra o quão desesperados estão por travar este nosso movimento. Mas temos o povo do nosso lado", assegurou Nerdeen Kiswani, em declarações à Lusa.
Enquanto o protesto decorria, as autoridades de imigração norte-americana anunciaram que prenderam uma segunda pessoa que participou nos protestos pró-palestinianos na Universidade da Colúmbia e revogaram o visto de outro estudante.
Donald Trump argumentou que os manifestantes perderam os seus direitos de permanecer no país ao apoiar o grupo terrorista palestiniano Hamas, que controla Gaza. Mas Khalil - que tinha um visto de residência permanente nos Estados Unidos - e outros líderes estudantis rejeitaram essas alegações, dizendo que são parte de um movimento antiguerra mais amplo que também conta com estudantes e grupos judeus entre os seus apoiantes.
Erguendo bandeiras da Palestina, os estudantes cobriram hoje os seus rostos com o 'keffiyeh', um tradicional lenço axadrezado que representa a luta e a esperança palestiniana.
O protesto começou com uma oração e, posteriormente, prosseguiu com cânticos a pedir a libertação de Khalil, mas também do povo de Gaza.
"Colúmbia, vocês vão ver: o Kallil estará livre e a Palestina também", gritavam, rodeados por dezenas de agentes da Polícia de Nova Iorque.
Nos cartazes erguidos pelos estudantes podiam ler-se frases como: "Libertem o Mahmoud Khalil", "agentes de imigração fora do campus universitário", "tirem as mãos dos estudantes", "parem este ataque fascista à Academia", "Trump fascista" ou "é uma enorme honra lutar pela liberdade da Palestina".
Questionada pela Lusa sobre se teme algum tipo de retaliação por liderar este protesto, Nerdeen Kiswani admitiu que "não é um trabalho fácil", mas frisou: "Isto não é nada comparado com o que o meu povo está a sofrer em Gaza, constantemente bombardeado e atacado".
Na semana passada, o Governo de Trump retirou 400 milhões de dólares (369 milhões de euros) em financiamento federal à Colúmbia devido ao que alegou ser o fracasso desta prestigiada instituição de ensino da 'Ivy League' em controlar o antissemitismo no seu campus.
Mas, na quinta-feira, a Universidade de Colúmbia informou que expulsou ou suspendeu vários estudantes que participaram em ações de solidariedade com a Palestina na última primavera e anulou diplomas a outros que se tinham graduado.
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