Numa cartão ao Conselho de Segurança da ONU, divulgada na segunda-feira pela agência France-Presse (AFP), o embaixador iraniano, Amir Saeid Iravani expressou uma "profunda preocupação e condenação inequívoca às recentes declarações beligerantes de altos funcionários do Governo dos Estados Unidos, incluindo o Presidente dos Estados Unidos".
Iravani frisou que Washington está a "tentar desesperadamente" justificar os ataques dos EUA no Iémen e "a ameaçar abertamente usar a força contra o Irão".
Já no sábado, o general Hossein Salami, chefe dos Guardas da Revolução, o exército ideológico do país, alertou que o Irão vai retaliar contra qualquer ataque, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter ameaçado Teerão por apoiar os rebeldes Hutis no Iémen.
Também no sábado o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, afirmou que os Estados Unidos "não têm direito de ditar" a política externa do Irão, declarações feitas após os ataques norte-americanos de sábado contra os Hutis, que provocaram pelo menos 31 mortos e 101 feridos, segundo o Ministério da Saúde dos rebeldes.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, disse que ordenou no sábado ataques aéreos à capital do Iémen, Sanaa, e prometeu usar uma "força letal esmagadora" até que os rebeldes Hutis, apoiados pelo Irão, deixem de atacar navios num corredor marítimo vital.
Já na segunda-feira, Trump, avisou que o Irão será "considerado responsável" por qualquer novo ataque dos Hutis.
Trump chamou aos rebeldes "gangsters e bandidos sinistros" que são "odiados pelo povo iemenita", argumentando que os seus ataques foram criados pelo Irão.
Os Hutis reivindicaram um contra-ataque no domingo contra o porta-aviões norte-americano Harry S. Truman, utilizado por Washington para levar a cabo uma vaga de bombardeamentos na noite de sábado contra os rebeldes na capital do país, Sanaa.
Os rebeldes fazem parte do que o Irão chama o "eixo de resistência" a Israel, que inclui ainda o movimento islamita palestiniano Hamas e o Hezbollah libanês.
Os Hutis efetuaram desde novembro de 2023 ataques ao largo da costa do Iémen contra navios que acreditam estar ligados a Israel, mas também aos Estados Unidos e ao Reino Unido, cessando os ataques a 19 de janeiro, quando entrou em vigor a trégua entre Israel e o Hamas.
Alegam estar a agir em solidariedade com os palestinianos em Gaza, onde uma guerra de 15 meses entre o Hamas e Israel foi desencadeada por um ataque sem precedentes do movimento islamista palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023.
Os ataques a navios perturbaram o tráfego no mar Vermelho e no golfo de Aden, uma zona marítima essencial para o comércio mundial, levando os Estados Unidos a criar uma coligação naval multinacional e a atacar alvos rebeldes no Iémen, por vezes com a ajuda do Reino Unido.
De acordo com o porta-voz do Pentágono Sean Parnell, os Hutis "atacaram 174 vezes navios de guerra norte-americanos e 145 vezes navios comerciais desde 2023".
No início de março, os Estados Unidos classificaram os Hutis como uma "organização terrorista estrangeira", após Trump ter assinado uma ordem executiva.
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