A greve foi apresentada pela Frente Nacional de Sindicatos Universitários, que reúne vários sindicatos das universidades públicas.
As reivindicações respondem à falta de atualização dos orçamentos, a uma perda acumulada em 2024 dos salários face à inflação e à pretensão do governo de um reajuste salarial mensal de 1 % (no último mês a taxa foi de 2,4 %).
"Não temos orçamento para a universidade por causa da decisão política do governo nacional de não debatê-lo no Congresso. Isto significa que estão a gerir com uma extensão do orçamento do ano anterior, o que não só significa consolidar a perda orçamental e salarial que tivemos, mas também a completa arbitrariedade na gestão dos fundos públicos", disse Federico Montero, secretário organizador da Federação Nacional de Professores Universitários, a 14 de março.
As reivindicações não são apenas salariais: a comunidade universitária denuncia também um ajuste nos programas e bolsas de estudo para estudantes e cortes nas áreas de investigação científica e tecnológica.
O Conselho Interuniversitário Nacional (CIN), composto pelos reitores de todas as universidades nacionais da Argentina, afirmou num comunicado que "os recursos afetados à operação dificilmente atingirão 50% até 2025".
Os sindicatos também anunciaram que se juntarão à mobilização em apoio aos reformados na próxima quarta-feira para apoiar as suas exigências perante o Congresso.
A marcha dos reformados da passada quarta-feira, à qual se juntaram sindicatos, movimentos sociais e adeptos de clubes de futebol, foi reprimida pela polícia, com quase cinquenta feridos - um deles grave - e mais de uma centena de detidos.
Os protestos dos docentes e não docentes das universidades públicas argentinas remontam ao início de 2024, pouco depois de o governo do Presidente argentino Javier Milei ter implementado um severo plano de ajustamento fiscal no país.
Na Argentina, o acesso ao ensino universitário público é gratuito para os estudantes desde 1949 e muitas das 57 instituições nacionais de ensino superior financiadas pelo Estado gozam de uma boa reputação académica.
A gratuitidade do ensino permitiu a grandes setores da população aceder aos estudos universitários na Argentina, onde o peso da pobreza é superior à média entre os jovens: seis em cada dez pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 29 anos não conseguem cobrir as suas necessidades básicas, de acordo com os últimos dados oficiais disponíveis, correspondentes ao primeiro semestre de 2024.
O peso do ensino superior público é notório: de acordo com os últimos dados oficiais disponíveis, em 2022 havia 510.221 estudantes inscritos no ensino universitário privado e quase 2 milhões nas universidades públicas nacionais.
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