Reabre em abril porto cambojano cuja expansão foi financiada pela China

O porto naval no Camboja cuja expansão foi financiada pela China e que suscitou preocupações sobre o crescente alcance militar de Pequim na região vai retomar operações no próximo mês, anunciaram esta terça-feira as autoridades cambojanas.

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© James D. Morgan/Getty Images

Lusa
18/03/2025 10:07 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

Camboja

O porto vai receber um navio japonês como a primeira embarcação estrangeira a fazer uma visita ao local, segundo o major-general Thong Solimo, porta-voz das Forças Armadas do Camboja.

 

A Base Naval de Ream --- com um novo cais para acomodar navios muito maiores, uma doca seca para reparações e outras infraestruturas --- será inaugurada a 2 de abril pelo primeiro-ministro Hun Manet, segundo Thong Solimo.

"Dar prioridade aos navios de guerra japoneses é uma homenagem ao elevado nível de abertura na cooperação, relações e confiança mútua", afirmou.

China e Camboja deram início ao projeto do porto em 2022, o que levou os Estados Unidos a expressarem preocupações de que este pudesse tornar-se num posto estratégico para a marinha chinesa no Golfo da Tailândia.

O golfo é adjacente ao Mar do Sul da China, uma via navegável essencial que a China reclama quase na sua totalidade. Os Estados Unidos recusam-se a reconhecer a ampla reivindicação da China e realizam manobras militares regularmente para reforçar o estatuto do mar como águas internacionais.

As preocupações iniciais aumentaram no ano passado, depois de navios de guerra chineses terem atracado no cais recém-construído durante meses, e de dois contratorpedeiros japoneses, que fizeram uma visita ao Camboja, terem sido desviados para uma instalação diferente nas proximidades.

Com o anúncio da visita planeada do Japão, o Camboja provavelmente está a tentar projetar a ideia de que está aberto a países além da China, disse Euan Graham, analista de Defesa do Australian Strategic Policy Institute.

"Parece ser uma demonstração consciente do Camboja de que Ream não é exclusivamente para a China", afirmou, citado pela Associated Press.

A Força de Autodefesa Marítima do Japão confirmou o convite do Camboja para navios japoneses, mas recusou-se a dar pormenores, citando regulamentos de segurança operacional.

A China é o maior investidor do Camboja e o seu parceiro político mais próximo. Nos últimos anos, expandiu rapidamente a sua marinha e tornou-se cada vez mais assertiva na defesa das suas vastas reivindicações marítimas.

As preocupações sobre a atividade da China na base de Ream surgiram em 2019, quando o Wall Street Journal relatou que um rascunho preliminar de um acordo, visto por responsáveis norte-americanos, permitiria à China usar a base por 30 anos, onde poderia colocar pessoal militar, armazenar armas e atracar navios de guerra.

O Governo do Camboja negou tal acordo ou qualquer intenção de conceder à China privilégios especiais na base, embora Pequim tenha financiado a sua expansão e atracado os seus navios de guerra lá durante meses consecutivos.

Em setembro, o Ministério da Defesa do Camboja afirmou que a China daria à marinha cambojana dois navios de guerra do tipo que estavam atracados na base enquanto o projeto de expansão ainda estava em andamento.

O porta-voz do Ministério da Defesa, general Chhum Socheat, disse hoje que o Camboja pretende que a instalação esteja aberta aos EUA e outros países.

"Todos os navios de guerra de países amigos podem atracar no novo cais, mas devem primeiro cumprir as nossas condições", disse, sem especificar quais seriam essas condições.

Leia Também: Torso de estátua de Buda foi encontrado no complexo de templos no Camboja

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