Jovens iranianos purificam-se ao dançar nas ruas na única noite em que o podem fazer

Os jovens iranianos dançaram, cantaram e saltaram fogueiras, na terça-feira, nas ruas do antigo festival zoroastriano de Chaharshanbe Suri, a única altura do ano em que podem desfrutar deste tipo de liberdade na República Islâmica do Irão.

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© ATTA KENARE/AFP via Getty Images

Lusa
19/03/2025 07:38 ‧ ontem por Lusa

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Irão

Chaharshanbe uri --- 'Festival de Quarta-feira' ou 'Quarta-feira Vermelha' em persa --- é um festival de purificação popular com 3000 anos, celebrado na última terça-feira do calendário iraniano e é a primeira das celebrações do Ano Novo Persa, Nowruz, que começa em 20 de março.

 

É uma festa de origem zoroastriana e pré-islâmica, na qual as pessoas saltam fogueiras para se purificarem, mas muitos jovens aproveitam para dançar e cantar nas ruas, algo proibido na República Islâmica do Irão.

"Hoje é o nosso dia. É o único dia em que podemos fazer algo assim", contou à agência Efe Medina, um barista de 18 anos do bairro de Saadat Abad, em Teerão, no meio da explosão de fogos de artifício.

À sua volta, centenas de rapazes e raparigas sem véu, juntos e misturados, dançavam em público, algo proibido às mulheres, numa atmosfera que os clérigos que governam os destinos do Irão não aprovariam, num sinal de mudança dos tempos.

"Saímos à rua para celebrar esta festa histórica. Para nos divertirmos", explicou Medina.

Tanaz, uma tradutora de inglês de 38 anos, foi mais severa, afirmando que "aqui [no Irão] a felicidade é proibida".

"Como há tantas restrições, as pessoas aproveitam estas festividades para se divertirem", destacou esta mulher, que lança constantemente fogo de artifício e explica que se trata de uma festa antiga.

O 'Chaharshanbe Suri' tem raízes zoroastrianas, a religião dominante na Pérsia antes da chegada do Islão, e remonta a cerca de 1.700 a.C.

Neste dia, as pessoas saltam fogueiras para se purificarem, uma vez que na tradição zoroastriana, o fogo e a luz representam a bondade, por isso as pessoas saltam fogueiras para se livrarem das coisas más e pedir energia para o novo ano.

Empinam também as chamadas "lanternas dos desejos", que, quando sobem ao céu com fogo no seu interior, realizam desejos, de acordo com a tradição iraniana.

Tudo isto, somado à natureza pré-islâmica do festival e às liberdades que muitos jovens tomam, faz com que as autoridades reprovem este dia.

O poder judicial iraniano alertou na terça-feira que "qualquer pessoa que perturbe a ordem pública e a paz com distúrbios, tumultos ou movimentos incomuns será condenada a prisão e açoitamento".

E a polícia pediu à população que não atire petardos contra as viaturas.

Todos os anos, as festividades fazem um elevado número de vítimas devido a acidentes que envolvem o manuseamento de fogos de artifício e explosivos e, este anos, pelo menos seis pessoas morreram e mais de 600 ficaram feridas nos dias que antecederam a celebração.

Em 2024, pelo menos 15 pessoas morreram e mais de 5.000 ficaram feridas em acidentes durante o festival tradicional, uma queda acentuada em relação a 2023, quando se registaram 27 mortes.

Leia Também: Irão condena na ONU "declarações beligerantes" de Trump

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