Etiópia cria novo imposto para compensar fim do financiamento da USAID

O parlamento da Etiópia aprovou hoje um novo imposto para todos os trabalhadores como parte das medidas para preencher a lacuna financeira deixada pela suspensão do financiamento da agência de desenvolvimento dos EUA, a USAID.

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© LUIS TATO/AFP via Getty Images

Lusa
20/03/2025 15:35 ‧ há 2 semanas por Lusa

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Etiópia

A Etiópia, com mais de 125 milhões de habitantes, foi o maior beneficiário da ajuda dos EUA na África Subsaariana, tendo recebido cerca de 1,6 mil milhões de euros no ano financeiro de 2023.

 

Para além de alimentos, os fundos eram destinados a medicamentos para o VIH, vacinas, programas de alfabetização e criação de emprego, bem como ajudas para um milhão de refugiados acolhidos pela Etiópia.

A maioria destes programas foi interrompida. Os funcionários da USAID que os supervisionavam foram colocados em licença administrativa e aconselhados a não trabalhar, pois enfrentam a ameaça de despedimento.

A aprovação da taxa para suprir parte da ajuda que vinha dos Estados Unidos ocorre no mesmo dia em que primeiro-ministro, Abiy Ahmed, foi ao parlamento onde fez uma série de anúncios, entre eles a inauguração da Grande Barragem do Renascimento (GDR) "nos próximos seis meses", um projeto que tem sido fonte de tensão com os seus vizinhos, nomeadamente com o Egito.

Na sua intervenção Abiy Ahmed excluiu a possibilidade de invadir a vizinha Eritreia para tentar obter uma saída para o Mar Vermelho, defendeu o diálogo para alcançar esse objetivo, mas alertou para o risco de um novo conflito na região de Tigray, no norte do país, onde confrontos entre duas fações do partido no poder estão a ameaçar um frágil acordo de paz.

Sobre este último alerta, Abiy Ahmed advertiu que alguns indivíduos da região norte de Tigray podem tentar desencadear um novo conflito contra o governo federal do país, aproveitando a instabilidade e os desafios de segurança em outras regiões, como a vizinha Amhara.

De notar que a União Africana (UA) expressou, no sexta-feira, a sua "profunda preocupação" com a situação no norte do país.

A Etiópia enfrenta conflitos recorrentes em algumas das suas regiões, incluindo Tigray, que está a recuperar de um conflito de dois anos, Amhara e Oromia.

Desde que chegou ao poder em 2018, Abiy Ahmed tem procurado estreitar os laços com a Eritreia, culminando num acordo de paz nesse ano para pôr fim a quase 20 anos de "estado de guerra", pacto pelo qual o primeiro-ministro foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz em 2019.

A reaproximação também levou à participação da Eritreia na guerra de Tigray (2020-2022), onde apoiou o governo federal etíope contra os rebeldes daquela região.

No entanto, a pressão da Etiópia para aceder ao mar gerou fricções, uma vez que a Eritreia encara esta exigência com desconfiança.

A Etiópia procurou, entretanto, rotas marítimas alternativas e, em janeiro de 2024, assinou um acordo com a região separatista somali da Somalilândia para garantir o acesso ao Mar Vermelho através de uma base naval.

A Somália argumentou que o acordo era nulo e sem efeito e considerou que a Etiópia tinha violado a sua soberania e integridade territorial.

O diferendo estremeceu as relações entre a Etiópia e a Somália e ameaçou um conflito no Corno de África, até que, em dezembro de 2024, a Turquia mediou e os dois países vizinhos chegaram a um acordo para normalizar as relações bilaterais.

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