"Moçambique recebeu o último lote de equipamento ao abrigo do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz. Trata-se do apoio da União Europeia ao povo moçambicano para restabelecer a segurança em Cabo Delgado, assim como no desenvolvimento e ajuda humanitária à província", refere-se numa informação da UE em Maputo.
Por outro lado, acrescenta que, através deste programa, a União Europeia "tem estado a apoiar as Forças Armadas moçambicanas na resposta à crise em Cabo Delgado com equipamento no valor de 85 milhões de euros".
O apoio às unidades militares moçambicanas treinadas pela Missão de Formação Militar da UE em Moçambique (EUTM-MOZ) envolveu o fornecimento de equipamento não letal, como capacetes balísticos, coletes ou redes de camuflagem, também equipamento coletivo como tendas de campanha, geradores e reservatórios de água, além de veículos, ambulâncias, barcos, drones e um hospital de campanha.
Este material serviu para equipar 11 unidades das Forças de Reação Rápida (QRF, na sigla em inglês), totalizando mais de 1.700 militares, "para combater a insurreição em Cabo Delgado", que também foram formadas anteriormente pela EUTM-MOZ, liderada por Portugal.
Os comandos e fuzileiros moçambicanos formados pela EUTM-MOZ já estão no terreno e têm vindo a assumir posições após a retirada total, em junho do ano passado, das forças militares dos países da África Austral que apoiavam Moçambique no combate ao terrorismo, estando atualmente o Ruanda a apoiar o exército moçambicano.
A União Europeia anunciou em 2024 a adaptação dos objetivos estratégicos da EUTM-MOZ, que transitou, em 01 de setembro do mesmo ano, do modelo de treino para um de assistência, passando, assim, a designar-se Missão de Assistência Militar da UE em Moçambique (EUMAM-Moz).
Desde outubro de 2017, Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.
O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de rebeldes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos ataques armados.
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