Venezuela detém por crimes dezena e meia de migrantes deportados dos EUA

Dezasseis dos 119 venezuelanos que foram deportados segunda-feira pelos Estados Unidos e repatriados num voo da Conviasa eram procurados pelas autoridades da Venezuela, anunciou hoje o ministro venezuelano do Interior e Justiça, Diosdado Cabello.

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Lusa
25/03/2025 06:26 ‧ há 3 dias por Lusa

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Venezuela

O anúncio foi feito durante uma conferência de imprensa do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo), durante a qual Cabello insistiu que, até agora, nenhum dos repatriados está relacionado com o grupo criminoso venezuelano Tren de Aragua.

 

"Dezasseis dos que chegaram, desses 199, são procurados pelos órgãos de segurança por diversas questões. Nenhum deles, até agora, foi qualificado como sendo do Tren de Aragua", disse.

O ministro explicou que estes 16 migrantes venezuelanos eram procurados por vários crimes e que estão à ordem dos tribunais da Venezuela.

"Há quatro procurados por homicídio, que já estão detidos e à ordem dos tribunais. Há uns por furto genérico, um por tráfico de materiais estratégicos, outro por tráfico de drogas, e cada caso está a ser tratado de acordo com a legislação venezuelana", disse o ministro.

A companhia aérea estatal venezuelana Conviasa realizou hoje um voo de repatriamento de 199 migrantes venezuelanos deportados dos Estados Unidos, que tinham sido enviados para as Honduras.

A chegada do novo voo foi transmitida pela televisão estatal venezuelana e os emigrantes foram recebidos por Diosdado Cabello.

"Foram retomados os voos [de repatriamento] e isso não deve causar qualquer tipo de problema (...). Hoje estamos a receber 199 compatriotas. A Venezuela sabe, e o mundo sabe, que não somos cúmplices de qualquer tipo de crime, mas não vamos condenar os venezuelanos, só porque essa é a narrativa que querem impor", disse o ministro em declarações à televisão estatal venezuelana.

Diosdado Cabello explicou ainda que os emigrantes viajaram dos Estados Unidos para as Honduras e depois para a Venezuela.

Por outro lado, exigiu ao Governo de El Salvador que devolva os venezuelanos que foram deportados recentemente pelos EUA para esse país.

"Estamos a exigir que o Governo de El Salvador devolva os venezuelanos que estão sequestrados em El Salvador (...) Vocês [salvadorenhos] são os únicos responsáveis se algo acontecer a um desses compatriotas que estão em El Salvador (...) [eles] são venezuelanos. Se cometeram crimes, responderão perante a justiça. O que não vamos permitir, é que sejam estigmatizados, sob uma narrativa de que todos pertencem supostamente ao Tren de Aragua", ameaçou.

Este foi o quinto voo de repatriamento de venezuelanos realizado em 2025.

O primeiro teve lugar a 10 de fevereiro, desde os EUA com 190 venezuelanos. O segundo voo, a 20 de fevereiro, transportou 177 venezuelanos, que Caracas diz terem sido resgatados da base militar de Guantánamo, em Cuba.

O terceiro voo ocorreu a 24 de fevereiro com 242 migrantes venezuelanos deportados dos Estados Unidos, incluindo pela primeira vez mulheres e crianças.

Em 20 de março foram repatriados 311 venezuelanos desde o México.

Em 16 de março, o Presidente de El Salvador, Nayib Bukele, anunciou a chegada de 238 alegados membros do grupo criminoso venezuelano Tren de Aragua e do Mara Salvatrucha (MS-13), transferidos para o Centro de Confinamento do Terrorismo (CECOT) ao abrigo de um acordo com o Presidente norte-americano, Donald Trump.

Em 15 de março, os Estados Unidos expulsaram 261 imigrantes em dois voos para El Salvador e Honduras, que partiram do Texas.

Em fevereiro, Trump classificou o Tren de Aragua, uma organização criminosa da Venezuela, e o MS-13, um gangue com origem em Los Angeles em 1980, como "organizações terroristas globais".

Logo que assumiu o cargo, em janeiro, Donald Trump, retirou o estatuto de proteção temporária contra a deportação de que beneficiavam aproximadamente 600.000 venezuelanos devido à crise económica e de segurança no seu país.

Mais de 7,8 milhões de venezuelanos emigraram na última década, segundo as Nações Unidas, em grande número para os Estados Unidos.

Leia Também: Venezuela acusa Trump de violar tratados ao impor tarifas ao seu petróleo

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