Rússia afasta controlo norte-americano de central nuclear de Zaporijia

A Rússia afastou hoje a possibilidade de a central nuclear de Zaporijia, situada na região sul da Ucrânia ocupada por Moscovo, ser devolvida a Kiev ou passar para o controlo dos Estados Unidos.

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© Ercin Erturk/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
25/03/2025 19:49 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Ucrânia

"O regresso da central ao setor nuclear russo é um facto consumado que a comunidade internacional deve reconhecer. A entrega das instalações da central nuclear de Zaporijia ou o controlo sobre as mesmas à Ucrânia ou a qualquer outro país é impossível", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

 

A diplomacia de Moscovo reagia a notícias publicadas em vários meios de comunicação social sobre a possível transferência da central nuclear para a Ucrânia, os Estados Unidos ou representantes de organizações internacionais, reafirmando que as regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia foram incorporadas na Rússia em 2022, depois de referendos, embora não reconhecidos por uma grande maioria dos Estados.

"Em 05 de outubro de 2022, foi assinado o decreto presidencial russo 'Sobre as Especificidades do Controlo Legal sobre o Uso de Energia Atómica na Região de Zaporijia', estabelecendo o estatuto legal desta central nuclear como uma instalação sob jurisdição russa", insistiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros, no dia em que a Casa Branca anunciou uma trégua de Moscovo e Kyiv no mar Negro, mas sem avanços concretos sobre ataques a infraestruturas energéticas.

A diplomacia russa acrescentou que "todos os funcionários da unidade são cidadãos russos" e "não se pode brincar com as suas vidas, especialmente devido aos atos bárbaros que foram e continuam a ser cometidos pelos ucranianos em território russo".

A operação conjunta da central nuclear de Zaporijia com outro país "é também inaceitável", disse Moscovo, alegando que "não há precedentes destas operações na prática global" e este cenário levantaria "questões de segurança física e nuclear".

"De acordo com a lei internacional, incluindo as convenções-chave da indústria, a responsabilidade primária pela segurança física e nuclear cabe aos Estados em cujos territórios se encontram as centrais. No caso da central nuclear de Zaporijia, é a Rússia, e mais ninguém", concluiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou recentemente que o país poderá assumir a propriedade das centrais nucleares da Ucrânia como garantir da segurança face à ameaça da Rússia, que invadiu o país vizinho em fevereiro de 2022, e mantém parte de Zaporijia sob ocupação, incluindo a unidade energética, que é a maior da Europa.

O líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, indicou mais tarde que as negociações a este respeito estavam limitadas à central nuclear de Zaporijia.

Zelensky disse que a Ucrânia está aberta ao investimento e assistência dos Estados Unidos para colocar a central novamente em funcionamento, caso possa ser recuperada para a Ucrânia através de negociações.

Os Estados Unidos anunciaram hoje um entendimento com as delegações ucraniana e russa para uma trégua dos combates no mar Negro, no âmbito das negociações na Arábia Saudita sobre o conflito na Ucrânia.

Os dois países concordaram "garantir a segurança da navegação, eliminar o uso da força e impedir o uso de embarcações comerciais para fins militares no mar Negro", afirmou a Casa Branca, que fez o anúncio do acordo com Kyiv e Moscovo em declarações separadas.

Nos textos, Washington indicou também que as partes deram o acordo para "desenvolver medidas" com vista a proibir os ataques às instalações energéticas russas e ucranianas.

Em relação à Rússia, os Estados Unidos comprometeram-se a ajudar a restaurar o acesso ao "mercado global de exportações agrícolas e de fertilizantes", bem como a facilitar o acesso aos portos e aos sistemas de pagamento destas transações.

Sobre a Ucrânia, a administração de Trump prometeu "ajudar a concretizar a troca de prisioneiros de guerra, a libertação de civis e o regresso de crianças ucranianas transferidas à força" para território russo.

"Os Estados Unidos vão continuar a facilitar as negociações entre os dois lados para alcançar uma solução pacífica, consistente com os acordos alcançados em Riade", acrescentou a Casa Branca, na sequência das negociações com os representantes de Kyiv e Moscovo, iniciadas no domingo na capital saudita.

Leia Também: "É muito cedo para saber se vai funcionar, mas foram os passos certos"

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